Hoje nas notícias, 31 de março

EUA recebem 335 milhões de dólares de indemnização do Sudão a vítimas de atentado

1998 U.S. Embassy Bombing Victims Are Assured Equal Compensation in Deal  With Sudan - The New York Times


Os Estados Unidos receberam US $ 335 milhões do Sudão para compensar as vítimas dos atentados de 1998 às embaixadas dos EUA no Quénia e na Tanzânia e no USS Cole em 2000, bem como o assassinato em 2008 do funcionário John Granville, Secretário de Estado Anthony Blinken disse num comunicado na quarta-feira.

“Esperamos que isso ajude-os a encontrar solução para as terríveis tragédias que ocorreram”, disse Blinken sobre as vítimas. “Com este processo desafiador atrás de nós, as relações EUA-Sudão podem iniciar um novo capítulo.”

Fonte: Reuters

Iémen recebe as primeiras vacinas COVID-19, mas está “no final da fila”

Standing by Yemeni People During Conflict

O Iêmen recebeu as suas primeiras vacinas COVID-19 na quarta-feira, uma semana depois de o governo declarar uma emergência de saúde nas áreas sob o seu controlo.

As 360.000 doses da vacina da AstraZeneca chegaram de avião a Aden, parte de uma remessa do plano de partilha de vacinas COVAX que deve totalizar 1,9 milhão de doses este ano, disse a COVAX.

“Precisamos de mais funcionários, porque o aumento de casos não é normal. Estamos exaustos do trabalho, exaustos”, disse Zainab al-Qaisi, médico e diretor do centro. “O centro está completamente cheio. Precisamos de oxigénio para expandir os cuidados intensivos em todas as províncias.”

As vacinas COVAX serão gratuitas e distribuídas em todo o país, disse um porta-voz do ministério da saúde do governo na semana passada, confirmando que mais vacinas chegariam em maio.

O grupo de ajuda Médecins Sans Frontières (MSF) disse na semana passada que viu um influxo dramático de pacientes com COVID-19 em várias partes do Iémen, e que faltavam todos os aspetos da resposta do COVID-19.

“Embora alguns países tenham vacinado com sucesso, metade da sua população, o Iémen encontra-se no final da fila”, disse o chefe da missão de MSF no Iémen, Raphael Veicht.

O sistema de saúde do Iémen foi atingido pela guerra, colapso económico e, recentemente, uma queda no financiamento de ajuda humanitária.

A guerra restringiu os testes e relatórios do COVID-19. O movimento Houthi, que luta contra uma aliança pró-governo e controla a maioria dos grandes centros urbanos, não forneceu números desde maio passado, mas o número de casos confirmados aumentou rapidamente desde meados de fevereiro.

O comité de emergência do coronavírus do Iémen relatou 132 mortes confirmadas e 19 na terça-feira. Ele registou mais de 4.100 infeções por coronavírus e 864 mortes até agora, embora o número real seja amplamente considerado muito mais alto.

A COVAX é co-liderada pela aliança GAVI, que garante vacinas para países pobres, a Organização Mundial da Saúde, a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF.

“O Iémen agora consegue proteger aqueles que estão em maior risco, incluindo profissionais de saúde, para que possam continuar a fornecer intervenções que salvam vidas para crianças e famílias”, disse Philippe Duamelle, representante do UNICEF no Iémen.

Fonte: Reuters

Argentina procura o apoio da China nas negociações com FMI

Argentina–China relations - Wikiwand


O embaixador argentino na China, Sabino Vaca Narvaja, manteve um encontro com altos funcionários do governo daquele país, “com o objetivo de solicitar o apoio deste país nas negociações que o governo nacional está a realizar com o FMI para a prorrogação dos prazos e redução das taxas de pagamento da dívida”.

A Argentina procura agora o apoio da China, um dos maiores parceiros comerciais do país, para chegar a um acordo nas negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O embaixador argentino na República Popular da China, Sabino Vaca Narvaja, teve um encontro com altos funcionários do governo chinês, “com o objetivo de solicitar o apoio deste país nas negociações que o governo nacional está a realizar com o FMI para uma prorrogação de prazos e redução de alíquotas para o pagamento da dívida”, segundo a Embaixada da Argentina na China.

Vaca Narvaja reuniu-se com o Diretor-Geral do Departamento da América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores da China, Cai Wei, a quem transmitiu a mensagem do Governo argentino para chegar a um acordo que lhe permita refinanciar a dívida de 45 bilhões de dólares, gerada a partir de um empréstimo solicitado pelo governo de Mauricio Macri em 2018.

O encontro passou em revista os temas bilaterais da agenda entre ambos países, com “eixo na apresentação de uma série de projetos de investimento em infraestrutura que são priorizados por ambos os governos e que fariam parte do próximo Plano Quinquenal bilateral”, afirmou.

Nesse sentido, foi destacado o convite feito pelo Presidente Xi Jinping ao Presidente Alberto Fernández para realizar a visita de Estado à República Popular da China.

“Ambas as partes consideram que a relação bilateral está passando por um momento muito bom e que o entendimento mútuo trará grandes benefícios para as duas nações”, afirmaram autoridades diplomáticas argentinas.

No início de 2020, o presidente Alberto Fernández deu início ao relacionamento bilateral do seu governo com o envio de uma nota pessoal ao presidente chinês Xi Jinping para desbloquear uma negociação de swap de moeda com a China.

O encontro também discutiu o intercâmbio entre as moedas locais, para iniciar um caminho que rompe com a estrutura bimonetária argentina.

Nesse sentido, o presidente do Banco Central, Miguel Pesce, autorizou uma rodada no mercado de câmbio da moeda chinesa em 2020, com o objetivo de reduzir os custos de transação com o parceiro comercial.

Da mesma forma, começaram a ser avaliados os projetos produtivos e industriais que poderiam ser financiados em reminmbí, moeda que mais tarde poderia ser utilizada para pagamentos externos com a China.

Neste quadro,“O embaixador argentino pediu o apoio da República Popular da China nas negociações que a Argentina vem a conduzir com o FMI para conseguir um reescalonamento dos vencimentos e uma redução das taxas, ainda mais quando for a reunião anual do FMI realizada em outubro deste ano e a eliminação das sobretaxas voltará à mesa”, especificaram.

Também foi lembrado que, no início de 2020, o presidente Alberto Fernández iniciou a relação bilateral do seu governo com o envio de uma nota pessoal ao presidente chinês Xi Jinping para desbloquear uma negociação de swap de moeda com a China.

“Desta forma, o Banco Central renovou o swap cambial equivalente a US $ 18,5 bilhões, o que mostra o primeiro apoio político da China à estratégia financeira argentina”, destacaram da Embaixada.

Fonte: Agência de Notícias Télam

Jornalistas húngaros dizem que o Estado esconde impacto verdadeiro do COVID-19

Press Freedom Groups Urge EU to Act over Hungary Media Violations | Balkan  Insight

Jornalistas húngaros acusaram o governo na quarta-feira de colocar vidas em risco ao impedir os media de cobrir toda a extensão do que agora é o surto de COVID-19 mais mortal do mundo.

Em carta aberta publicada pela maioria das agências de notícias independentes do país, repórteres disseram que foram impedidos de entrar em hospitais e de falar com médicos, o que impossibilitou alertar o público sobre a crise.

A Hungria, com 10 milhões de habitantes, registou 302 mortes na terça-feira, o maior número desde o início da pandemia, e agora tem o maior número de casos per capita semanal do mundo. Médicos que falaram sob condição de anonimato disseram à Reuters que os hospitais estão a ser invadidos.

O governo nacionalista da Hungria nega que haja uma crise de capacidade, e a mídia estatal descreveu a situação nos hospitais como sob controlo. O governo afirma que pretende reabrir a economia trazendo vacinas, incluindo vacinas da Rússia e da China, que ainda não foram aprovadas pela UE.

“Médicos e enfermeiras não têm liberdade para falar com o público, enquanto jornalistas não são permitidos nos hospitais, então não podemos avaliar o que acontece lá”, dizia a carta publicada em 28 jornais independentes, sites e outros veículos.

O Conselho da Europa disse na terça-feira que os trabalhadores dos media húngaros enfrentaram problemas crescentes para cobrir a pandemia. O governo rejeitou essas observações como “baseadas em suposições e alegações”.

O porta-voz do governo Zoltan Kovacs disse que não haveria regras mais flexíveis e acusou “portais de esquerda” de divulgar “notícias falsas” para constranger o sistema de saúde do país.

“Devemos usar hospitais para curar, não filmar”, escreveu Kovacs no Facebook na quarta-feira. “Os médicos e enfermeiras húngaros têm um desempenho excecional. Deixe-os trabalhar!”

Ativistas e organismos internacionais acusaram o governo do primeiro-ministro Viktor Orban de reprimir a ‘media’ livre desde que assumiu o poder em 2010. O governo nega ter interferido no que chama de imprensa livre.

Os médicos também alertaram que a cobertura jornalística que não mostra a extensão da crise pode piorá-la.

“Advirto todas as forças políticas e os seus meios de comunicação que informações unilaterais e censura atrasam o reconhecimento das falhas dos cuidados de saúde, o que pode custar vidas”, escreveu Janos Szijjarto, presidente da associação de médicos de Gyor, Hungria Ocidental, no Facebook anteriormente mês.

Fonte: Reuters

A maioria dos estados do Brasil tem ocupação hospitalar superior a 90%

Brazil's Hospitals Buckling Without National Virus Plan | Time

O colapso hospitalar devido à pandemia no Brasil aprofundou-se na última semana em Brasília e 17 estados, onde a ocupação dos cuidados intensivos para pacientes com coronavírus é superior a 90%, informou nesta quarta-feira a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde.

O boletim oficial indica que a situação está pior que há duas semanas, quando havia 15 estados, os mais populosos, em colapso, após ter batido o recorde nesta terça-feira de 3.780 mortes em um dia, 1.209 em São Paulo, o estado mais rico de São Paulo do país e com uma população semelhante à da Argentina.

Outros sete estados têm 80% de ocupação dos leitos de terapia intensiva.

A Fiocruz, principal laboratório público que produz localmente a vacina anglo-sueca AstraZeneca-Oxford, alertou para a “dificuldade de ampliar novos leitos de UTI para atender ao forte crescimento da demanda”.

Nesse relatório, também foi acrescentado um alerta que agrava a situação: além de haver pacientes Covid-19 que morreram enquanto aguardavam leito, existe o risco de escassez de material hospitalar necessário para intubações.

O estado que sofre menos pressão é o Amazonas, que já registou dois colapsos sanitários e funerários, o último em janeiro, por falta de oxigénio na rede de hospitais da capital Manaus e municípios vizinhos.

“Nesse novo patamar de pandemia, a situação mudou drasticamente. Se Manaus com o colapso de seu sistema de saúde era um alerta do que poderia acontecer em outros estados, a situação em São Paulo é um ainda mais alarmante”, afirma o relatório dos cientistas da Fiocruz.

As quarentenas e os toques de recolher adotados em vários estados “ainda não produziram efeitos significativos na tendência de alta de todos os indicadores monitorizados”, pois “esses indicadores estão sempre desfasados”.

Para reverter o contexto atual, os investigadores reafirmam a necessidade de articular ações como restrição de 14 dias, adequação da oferta de leitos e ampliação das ações de saúde na atenção básica, com enfoque territorial e comunitário.

Para os cientistas da Fiocruz, 14 dias é o tempo mínimo necessário para reduzir significativamente as taxas de contágio e 40% do número de infetados e diminuir a pressão sobre o sistema de saúde.

Fonte: Agência de Notícias Télam

132 cidadãos estão registados para pagar o imposto sobre fortuna na Bolívia

Bolivia's Government Will Tax Large Fortunes in 2021 | News | teleSUR  English

O presidente do Serviço Nacional de Impostos (SIN), Mário Cazón, informou nesta quarta-feira que um total de 132 pessoas se registaram nessa entidade para pagar o Imposto sobre as Grandes Fortunas (IGF), cujo prazo de cancelamento termina neste dia.

“Quase 132 cidadãos já se registaram no Serviço Nacional de Impostos e o que resta é pagar o Imposto sobre Grandes Fortunas. Esperamos que hoje possam fazer isso”, disse Cazón em entrevista ao Red Uno.

Ressaltou que os recursos obtidos com o IGF serão usados ​​para a compra de medicamentos, vacinas e exames necessários para enfrentar o coronavírus, que afeta a economia do país.

Nesse sentido, ele lembrou que o prazo para o pagamento desse imposto expira até hoje e se aplica às pessoas físicas residentes no país ou no exterior com fortuna superior a Bs 30 milhões.

“Todos os cidadãos que possuem essa riqueza superior a 30 milhões de bolivianos devem se registar e também pagar o imposto, caso contrário o fazem hoje, amanhã, 1º de abril, o Imposto Nacional iniciará os controles”, acrescentou.

Acrescentou que, de acordo com o artigo 15 da Lei 1.357, a multa por falta de recolhimento do Imposto sobre Grandes Fortunas equivale a 200% do imposto omitido; no entanto, não é esperado que isso ocorra.

A análise de quantos recursos entraram para o pagamento desse tributo será feita amanhã com dados oficiais, portanto, espera-se que sejam cumpridas as metas estabelecidas, afirmou o presidente do SIN.

Fonte: Agencia Boliviana de Información

Hoje nas notícias, 30 de março

Japão e Indonésia reforçam laços de confiança

Indonesia, Japan to Beef Up Cooperation in Outermost Islands

Japão e Indonésia comprometeram-se na terça-feira a estreitar os laços de amizade e assinaram um acordo para facilitar a transferência de equipamentos de defesa e tecnologia entre duas nações asiáticas, enquanto a China expande o seu poderio económico e militar.

As reivindicações territoriais da China nos mares do Leste e do Sul da China tornaram-se uma questão prioritária uma vez que a relação sino-americana cada vez mais hostil e também levantam uma importante preocupação de segurança para o Japão.

“Eu acho que isso é (a) o primeiro histórico nas relações bilaterais entre o Japão e a Indonésia”, disse o ministro da Defesa da Indonésia, Prabowo Subianto, referindo-se ao pacto de transferência.

“Convidamos o lado japonês a participar da modernização da capacidade de defesa da Indonésia. Também encorajamos o treino conjunto entre as nossas forças marítimas e também terrestres”, disse ele a repórteres.

Prabowo fez o comentário numa aparição conjunta da mídia em Tóquio, após uma reunião dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa do Japão e da Indonésia.

“Trocamos opiniões sobre a situação nos mares do Leste e do Sul da China e partilhámos sérias preocupações sobre a continuação e fortalecimento das tentativas unilaterais de mudar o status quo pela força”, disse o ministro das Relações Exteriores japonês, Toshimitsu Motegi.

O encontro ocorreu após uma visita à região do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que advertiu a China sobre “coerção e agressão” e criticou o que chamou de tentativas chinesas de intimidar os vizinhos com interesses conflituantes.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Retno Marsudi, também criticou duramente a violência em curso contra civis em Mianmar após o golpe militar de 1º de fevereiro. “A Indonésia denuncia veementemente esse tipo de atos. É inaceitável”, disse.

Retno emergiu como uma líder regional enquanto trabalha para intermediar as negociações com os militares de Mianmar, que mataram mais de 500 manifestantes desde o golpe.

O Japão tem amplos interesses comerciais com Mianmar e fornece assistência oficial ao desenvolvimento. Tóquio condenou as mortes, mas até agora absteve-se de aplicar sanções contra a liderança militar.

Fonte: Reuters

Ucrânia aderiu às sanções da UE contra a Rússia

Association Agreement - Ukraine, EU to start review of trade provisions —  UNIAN


O Alto Representante da UE para Política Externa e de Diplomacia, Josep Borrell, disse que a Macedónia do Norte, Montenegro, Albânia, Islândia, Liechtenstein, Noruega e Ucrânia aderiram às sanções impostas em 2 de março pela União Europeia contra quatro cidadãos russos pela prisão de Alexei Navalny.
“Esses países garantirão que as suas políticas nacionais estejam em conformidade com as decisões do Conselho. A UE toma nota desta decisão e acolhe com bom agrado”, disse Borrell num comunicado.

A 2 de março, a União Europeia impôs sanções pela primeira vez sob o novo regime global de violações dos direitos humanos, que entrou em vigor em dezembro do ano passado, mas até recentemente nunca tinha sido aplicado. Quatro cidadãos russos foram punidos no início de março pela prisão de Alexei Navalny. Estes são o presidente do Comité de Investigação da Federação Russa, Alexander Bastrykin, o diretor da Rosgvardia Viktor Zolotov, o Procurador-Geral da Rússia Igor Krasnov e o chefe do Serviço Penitenciário Federal Alexander Kalashnikov.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia classificou as sanções da UE em relação ao “caso Navalny” como um “caminho sem saída e ilegal” e prometeu responder. O secretário de imprensa do presidente russo, Dmitry Peskov, disse que o Kremlin está confiante que a política de sanções contra a Federação Russa não está a alcançar o seu objetivo.

Ucrânia ainda pediu à União Europeia que amplie e aperte as sanções contra a Rússia.
As relações entre a Rússia e os países europeus deterioraram-se devido à situação na Crimeia. Muitos países do Ocidente, acusando a Federação Russa de interferência, impuseram sanções contra ela. Moscovo retaliou e embarcou num curso de substituição de importações.
Recentemente, as relações entre a União Europeia e a Rússia continuaram a escalar devido ao chamado “caso Navalny”. A UE impôs sanções adicionais, primeiro pelo alegado “envenenamento”, e depois por substituir a sua pena suspensa por uma pena real de prisão no caso Yves Rocher . Josep Borrell, após sua visita a Moscou em 4 a 6 de fevereiro, apresentou pela primeira vez uma iniciativa de sanções, e, em seguida, propôs reconsiderar as relações da UE com a Federação Russa com base em três elementos (contra-ação, dissuasão e interação).

Fonte: Agência de Notícias RIA

Soldados portugueses vão para Moçambique em Abril para treinar tropas locais

Portugal to train elite Mozambican troops to fight terrorists in Cabo  Delgado - Plataforma Media

Portugal enviará soldados na primeira quinzena de abril a Moçambique, onde treinará tropas locais após um ataque de insurgentes islâmicos na cidade de Palma, informou a agência de notícias Lusa nesta terça-feira, citando fonte do Ministério da Defesa.

A agência noticiosa portuguesa afirmou que está a ser finalizado um acordo bilateral que prevê o envio de 60 militares das forças especiais portuguesas ao país africano.

Fonte: Reuters

Hoje nas notícias, 29 de março

Médicos cubanos completam missão no México com sucesso

Los médicos cubanos arriesgan sus vidas para escapar de las carencias |  Yoani Sánchez - La voz de tus derechos | DW | 31.03.2020

Outro grupo de médicos cubanos do contingente Henry Reeve no México voltou ao país hoje, depois de uma missão bem-sucedida neste país onde se encontravam desde dezembro do ano passado.

Ainda há alguns grupos ativos cumprindo a sua missão, mas também preparam as malas porque os níveis da pandemia caíram e os pacientes hospitalizados também caíram. No entanto as medidas são mantidas antes de surgir uma nova vaga.

Jesús Fernando Valdés Herrera disse do aeroporto da capital que o grupo de médicos está satisfeito com o trabalho realizado e lembra que na época da sua chegada ao México o nível de contágio era muito alto e os hospitais estavam saturados.

Tal situação obrigou-os a trabalhar dia e noite em condições muito adversas, mas acabaram por conseguir salvar muitos pacientes, que era o principal e mais importante objetivo da sua presença neste país.

Indicaram que entre as lembranças mais agradáveis ​​e inesquecíveis que levam do México está a gratidão aos enfermos e as suas famílias quando voltaram vivos e saudáveis ​​para as suas casas.

Os médicos Henry Reeve reiteraram a sua vontade de continuar a participar nas brigadas médicas em qualquer lugar do mundo onde a sua presença seja necessária.

Fonte: Prensa Latina

Dezenas de mortos em cidade de Moçambique

Extremistas tomam cidade rica em gás em Moçambique e deixam cadáveres pelas  ruas - Jornal O Globo

Dezenas de pessoas foram mortas num ataque na cidade de Palma, no norte de Moçambique, esta semana, disse um porta-voz das forças de defesa e segurança do país, incluindo sete pessoas quando um comboio de carros foi emboscado numa tentativa de fuga.

Centenas de outras pessoas, locais e estrangeiras, foram resgatadas da cidade, ao lado de projetos de gás no valor de US $ 60 bilhões, Omar Saranga disse a jornalistas no domingo.

“As forças de defesa e segurança registaram a perda de sete vidas de um grupo de cidadãos que deixou o hotel Amarula num comboio que foi emboscado pelos terroristas”, disse Saranga.

Uma mulher sul-africana, Meryl Knox, disse à Reuters que o seu filho Adrian Nel morrera naquela emboscada. O seu marido e outro filho se esconderam com o corpo no mato até a manhã seguinte, quando puderam chegar a salvo em Pemba. Um empreiteiro britânico também foi morto, disse o jornal britânico Times.

A província de Cabo Delgado, onde está localizada a cidade, é desde 2017 alvo de uma forte insurgência islâmica ligada ao Estado Islâmico.

Centenas de pessoas que fogem do ataque estão a chegar de barco à cidade portuária de Pemba, disse um diplomata e um funcionário humanitário.

Saranga disse que as forças de segurança estão a tentar “eliminar alguns focos de resistência”, após passar os últimos três dias concentrando-se principalmente no resgate de cidadãos locais e estrangeiros. Não especificou o nome do grupo e não houve reclamação de responsabilidade.

“No dia 24 de março, um grupo de terroristas penetrou… na sede da aldeia de Palma e desencadeou ações que culminaram com o assassinato de dezenas de pessoas indefesas”, disse ele na informação mais específica ainda sobre o número de vítimas numa área onde as comunicações são más.

Militantes atacaram Palma, um centro logístico para projetos internacionais de gás no valor de US $ 60 bilhões, na quarta-feira. O governo ainda não restabeleceu o controle, disse o diplomata e uma fonte de segurança diretamente envolvida nas operações para proteger Palma.

A Reuters não pôde verificar as contas independentemente, já que a maioria das comunicações com Palma foi cortada na quarta-feira.

Ligações para funcionários do Ministério das Relações Exteriores e do governo regional não foram atendidas ou não foram atendidas no domingo.

Os barcos que chegaram a Pemba no domingo transportavam moradores e estrangeiros, incluindo funcionários dos projetos de gás, disse o oficial humanitário e diplomata. Um barco transportava cerca de 1.300 pessoas, disse o diplomata.

O grupo de energia francês Total disse no sábado que estava a cancelar uma retomada planeada da construção no seu desenvolvimento de US $ 20 bilhões após o ataque e que reduziria a sua força de trabalho ao “mínimo estrito”.

A empresa retirou a maior parte da sua força de trabalho em janeiro devido a problemas de segurança.

Testemunhas descreveram corpos nas ruas de Palma, alguns deles decapitados. Na sexta-feira, militantes emboscaram um comboio de pessoas, incluindo trabalhadores estrangeiros, que tentavam escapar de um hotel.

Helicópteros contratados pelo governo procuraram mais sobreviventes no domingo. Lionel Dyck, que dirige uma empresa de segurança privada que trabalha com o governo, disse que os seus helicópteros resgataram cerca de 120 pessoas.

O número exato de pessoas feridas e mortas no ataque de quatro dias a Palma, ou ainda desaparecidas, permanece obscuro. A cidade já tinha sido um refúgio para pessoas que fugiam da violência em outras partes da província.

Fonte: Reuters

Pedidos de ajuda à APAV aumentam 22%

APAV recebeu 177 pedidos de ajuda de vítimas da região em 2017 | Verdadeiro  Olhar

Durante o ano passado, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima voltou a registar um acentuado aumento dos pedidos de ajuda.

As situações de violência doméstica continuam a ser as mais reportadas – quase 15 mil contactos -, mas diminuíram 37 por cento face a 2019.

Daniel Cotrim diz que, em muitos casos, as vítimas não conseguiram ter margem para pedir ajuda. Mas há uma tendência que se manteve, em relação ao ano anterior: as mulheres continuam a ser as principais vítimas.

Fonte: Antena 1

A OMS diz que COVID-19 provavelmente passou de morcegos para humanos através de outro animal

De morcegos a pangolins: como vírus chegam até o ser humano? | Novidades da  ciência para melhorar a qualidade de vida | DW | 31.03.2020

Um estudo conjunto OMS-China sobre as origens do COVID-19 diz que o vírus foi provavelmente transmitido de morcegos para humanos através de outro animal, e que uma fuga de qualquer laboratório era “extremamente improvável” como causa, informou a Associated Press na segunda-feira.

As descobertas relatadas correspondem ao que funcionários da OMS disseram no passado sobre as suas conclusões após uma visita de janeiro a fevereiro à China.

Muitas perguntas permanecem sem resposta, e a equipa propôs pesquisas adicionais em todas as áreas, exceto a hipótese de vazamento de laboratório, relatou a Associated Press, citando um rascunho obtido.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreysus, confirmou que recebeu do relatório dos especialistas independentes, mas recusou-se a dar detalhes, dizendo a um noticiário de Genebra: “Todas as hipóteses estão sobre a mesa e justificam estudos completos e adicionais”.

O relatório de 400 páginas, elaborado pela equipa que realizou uma missão à cidade de Wuhan, no centro da China, onde o vírus foi encontrado pela primeira vez no final de 2019, deve ser divulgado na terça-feira após diplomatas dos 194 países membros da OMS serem informados sobre as descobertas, disse Tedros.

O ministro do desenvolvimento internacional da Alemanha, Gerd Mueller, falando ao mesmo briefing após manter conversas com Tedros, saudou a cooperação da China com a investigação.

Os Estados Unidos esperam que a investigação liderada pela OMS exija mais estudos do vírus SARS-CoV-2, talvez incluindo uma visita de retorno à China, disse um alto funcionário dos EUA a repórteres na semana passada. Ele esperava que fosse “baseado na ciência”.

A investigação foi afetada por atrasos, preocupações com o acesso e disputas entre Pequim e Washington, que sob o governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a China de esconder a extensão do surto inicial.

Fonte: Reuters

O Fascismo | Tradução

Texto da autoria do Partido Comunista de Itália (PCd’I), publicado originalmente em “Il comunista” a 17 de novembro de 1921.

Tradução inédita do francês por Pim Misidjan.

***

         O movimento fascista levou ao seu congresso [1] a bagagem de uma organização poderosa, propondo lançar com pompa e circunstância as suas forças na capital e, simultaneamente, querendo atirar as bases da sua ideologia e do seu programa aos olhos do público. Na imaginação dos seus dirigentes, tinham o dever de dar a uma organização tão desenvolvida a justificação de uma doutrina e política “novas”.

         O golpe que o fascismo sofreu com a greve romana não se compara com a fraqueza que emana dos resultados do congresso no que toca à sua última pretensão. É evidente que a explicação e, quiçá, a justificação do fascismo não se encontram nas construções programáticas que se querem novas, mas que se reduzem ao nulo, tanto como obra coletiva como tentativa pessoal de um chefe: inevitavelmente destinado à carreira do “homem político”, no sentido mais tristemente tradicional da palavra, este nunca será um “mestre”. Como futurismo da política, o fascismo não se eleva nem um milímetro acima da mediocridade política burguesa. Porquê?

***

         Diz-se que o congresso se rendeu ao discurso de Mussolini. Ora, este discurso é malogrado. Começando pela análise dos outros partidos, Mussolini não chegou a uma síntese que fizesse aparecer a originalidade do partido fascista relativamente a todos os outros. Se teve sucesso, até certo ponto, em caracterizar-se pela sua violenta aversão ao socialismo e ao movimento dos trabalhadores, não se compreendeu como a sua posição era original face às ideologias políticas dos partidos burgueses tradicionais.

         A tentativa de expor a ideologia fascista ao aplicar uma crítica destrutiva aos velhos esquemas sob a forma de brilhantes paradoxos reduziu-se a uma série de afirmações que não eram nem novas por si mesmas, nem unidas entre si pela ligação feita por esta nova síntese, mas que desenterraram sem qualquer eficácia os velhos argumentos de polémica política gastos pela mania da novidade que assola os políticos da burguesia decadente dos nossos dias. Não assistimos à revelação solene de quaisquer verdades novas (e o que vale pelo discurso de Mussolini vale igualmente por toda a literatura fascista), mas sim a uma revisão de toda a flora bacteriana que prolifera sobre a cultura e ideologia burguesas da nossa época de crise suprema, bem como a variações sobre fórmulas roubadas ao sindicalismo, ao anarquismo, aos restos da metafísica espiritual e religiosa, enfim, a tudo, exceto, felizmente, ao nosso horripilante e brutal marxismo bolchevique.

         Que conclusão podemos tirar da mistura informe de anticlericalismo maçónico e de religiosidade militante, de liberalismo económico e de antiliberalismo político, graças à qual o fascismo se tenta distinguir tanto do partido popular como do coletivismo comunista? Que sentido há em afirmar que partilha com o comunismo a noção antidemocrática de ditadura, quando não se conhece outra ditadura que não a da economia “livre” sobre o proletariado e quando se declara esta economia “livre” mais necessária que nunca? Que sentido há em gabar a república a partir do momento em que se aponta à perspetiva de um regime pré-parlamentar e ditatorial, e, por conseguinte, ultra-dinástico? Que sentido há, enfim, a opor à doutrina do partido liberal a doutrina da direita histórica, cuja teoria e prática sempre foram mais séria e intimamente liberais que as desse partido? Se o orador retirou de todos estes enunciados uma conclusão que os tenha ordenado harmoniosamente, as suas contradições não desapareceram, embora tenham concedido aos paradoxos de que esta nova ideologia sofre a sua própria força. Não obstante, como neste caso falta uma síntese final, não sobra mais que uma confusão de histórias antigas e o resumo final é um sumário de fraqueza.

         O ponto delicado era definir a posição do fascismo face aos partidos burgueses do centro. Poderia, a bem ou a mal, apresentar-se como adversário do partido socialista e do partido popular; mas a negação do partido liberal e a necessidade de se destacar dele, e, até certo ponto, de o substituir, não foram teorizadas de forma minimamente decente nem traduzidas num programa partidário. Não queremos com isto afirmar, desde já, que o fascismo não possa constituir um partido: ele sê-lo-á, conciliando perfeitamente as suas aversões extravagantes, em simultâneo contra a monarquia, contra a democracia parlamentar e contra o… socialismo de Estado. Apenas constatamos que o movimento fascista dispõe de uma organização bastante real e sólida, mas que não possui uma ideologia e um programa próprios. O Congresso e o discurso de Mussolini, que, contudo, fez o máximo por definir o seu movimento, provam que o fascismo é impossível de se definir por si só. É uma tarefa sobre a qual nos debruçamos na nossa análise crítica e que prova a superioridade do marxismo que, em si, é perfeitamente capaz de definir o fascismo.

***

         O termo “ideologia” é relativamente metafísico, mas utilizá-lo-emos para designar a bagagem programática dum movimento, isto é, a consciência que tem dos objetivos que deverá cumprir através da sua ação. Isto implica, naturalmente, um método de interpretação e uma concepção dos factos da vida social e da história. Na época atual, precisamente pelo seu declínio, a classe burguesa manifesta uma ideologia dúplice. Os programas que publica para o exterior não correspondem à consciência interior que tem dos seus interesses e da ação necessária para os proteger. Quando a burguesia ainda era uma classe revolucionária, a ideologia social e política que lhe era própria, este liberalismo que o fascismo se diz chamado a substituir, tinha todo o seu vigor. A burguesia “acreditava” e “queria” de acordo com os enunciados do programa liberal ou democrático: o seu interesse vital consistia na libertação do seu sistema económico dos entraves que os regimes antigos colocavam ao seu desenvolvimento. Estava, pois, convencida que a realização de um máximo de liberdade política e a concessão de todos os direitos possíveis e imagináveis a todos os cidadãos, até ao último, coincidia não só com a universalidade humanitária da sua filosofia, mas também com o desenvolvimento máximo da vida económica.

         De facto, o liberalismo burguês não foi só uma excelente arma política através da qual o Estado aboliu a economia feudal e os privilégios das duas primeiras ordens sociais: o clero e a nobreza. Foi também um meio não negligenciável para o Estado parlamentar preencher a sua função de classe, não só contra as forças do passado e a sua restauração, mas também contra a “quarta ordem social” e os ataques do movimento proletário. [2] Na primeira fase da sua história, a burguesia não possuía ainda a consciência desta segunda função da sua democracia, ou seja, do facto de estar condenada a transformar o seu fator revolucionário em fator conservador à medida que o inimigo principal deixava de ser o antigo regime para passar a ser o proletariado. A direita histórica italiana, por exemplo, não tinha consciência. Os ideólogos liberais não se contentavam em dizer que o método democrático de formação do aparelho de Estado era do interesse de todo “o povo” e assegurava uma igualdade de direitos a todos os membros da sociedade: eles “acreditavam” nisso. Não compreendiam ainda que, para salvar as instituições burguesas das quais eram representantes, poderia ser necessário abolir as garantias liberais inscritas na doutrina política e nas constituições da burguesia. Para eles, o inimigo do Estado teria de ser o inimigo de todos, um delinquente culpado de violar o contrato social.

         De seguida, tornou-se evidente para a classe dominante que o regime democrático poderia servir igualmente contra o proletariado e que era uma excelente válvula de segurança para o descontentamento económico deste; a convicção que o mecanismo liberal servia magnificamente os seus interesses enraizou-se, assim, cada vez mais na consciência da classe burguesa. Não o considera mais que um meio e já não como um fim abstrato, tendo-se apercebido que o uso deste meio não é incompatível com a função integradora do Estado burguês, nem com a sua função de repressão violenta contra o movimento proletário. Todavia, um Estado liberal que, para se defender, deva abolir as garantias da liberdade, traz a prova histórica da falsidade da própria doutrina liberal, bem como da interpretação da missão histórica da burguesia e da natureza do seu aparelho de governação. Os seus fins verdadeiros aparecem, pelo contrário, claros como água: defender os interesses das relações capitalistas de produção por todos os meios, isto é, tanto pelas diversões políticas da democracia como pelas repressões armadas, quando as primeiras não chegam para travar os movimentos que ameaçam o próprio Estado.

         Esta doutrina não é, contudo, uma doutrina “revolucionária” da função do Estado burguês e liberal. Clarificando: o que é revolucionário é a sua formulação, e é por isso que, na fase histórica atual, a burguesia deve colocá-la em ação e negá-la em teoria. Para que o Estado burguês preencha a função repressiva que é tão naturalmente sua, as pretensões verdadeiras da doutrina liberal devem ser implicitamente reconhecidas como falsas, não sendo, contudo, totalmente necessário regressar ao ponto de partida e rever a constituição do aparelho de Estado. Então, a burguesia não tem de se arrepender de ter sido liberal nem de renegar o liberalismo: é através dum desenvolvimento de certa forma “biológico” que o seu órgão de dominação se armou e se preparou para defender a causa da “liberdade” por entre prisões e metralhadoras.

***

         Por um lado, enquanto enuncia programas e se mantém no terreno político, um movimento burguês não pode reconhecer claramente esta necessidade da classe dominante de se defender por todos os meios, incluindo os que são teoricamente excluídos pela constituição. Isso seria um passo em falso do ponto de vista da conservação da burguesia. Por outro lado, é um facto que noventa e nove por cento da classe dominante sentem o quanto será falsa, deste ponto de vista, a repudiação da forma da democracia parlamentar, e a reclamação de uma modificação do aparelho de Estado, tanto num sentido aristocrático como autocrático. Da mesma forma que nenhum Estado pré-napoleónico estava tão bem organizado como os Estados democráticos modernos para os horrores da guerra (e não só do ponto de vista dos meios técnicos), também nenhum se deixaria inferiorizar pela repressão interior e pela defesa da sua existência. É, pois, lógico que no período atual de repressão contra o movimento revolucionário do proletariado, a participação dos cidadãos pertencentes à classe burguesa (ou à sua clientela) na vida política tome aspetos novos. Os partidos constitucionais organizados de modo a fazer sair das consultações eleitorais do povo uma resposta favorável ao regime capitalista assinada pela maioria já não chegam. A classe sobre a qual o Estado repousa deve ser auxiliada nas suas funções por este, de acordo com as novas exigências da situação. O movimento político conservador e contra-revolucionário deve organizar-se militarmente e preencher uma função militar, na antecipação de uma guerra civil.

         Convém ao Estado que esta organização se constitua “dentro do país”, na massa dos cidadãos, porque a função de repressão se concilia, assim, melhor com a defesa desesperada da ilusão de que o Estado é o pai de todos os cidadãos, de todos os partidos e de todas as classes. Como o método revolucionário ganha terreno no seio da classe trabalhadora, como esta se prepara para uma luta e um movimento militar, e como a esperança da emancipação por vias legais, isto é, permitidas pelo Estado, diminui entre as massas, o Partido da ordem é forçado a organizar-se e armar-se para se defender. Ao lado do Estado, mas por cima dos seus protestos bastante lógicos, este partido vai armar-se “mais rapidamente” e também melhor que o proletariado, tomando a ofensiva contra certas posições ocupadas pelo seu inimigo e que o regime liberal tinha até então tolerado: mas não se deve confundir este fenómeno com o nascimento de um partido adversário do Estado, no sentido que este quereria assumir para o fazer tomar formas pré-liberais!

         Esta é, para nós, a explicação do nascimento do fascismo. O fascismo integra o liberalismo burguês em vez de o destruir. Graças à organização de que reveste a máquina oficial de Estado, este toma a dupla função defensiva de que a burguesia precisa.

         Se a pressão revolucionária do proletariado se acentuar, a burguesia terá de intensificar ao máximo, provavelmente, ambas estas funções defensivas não incompatíveis entre si, mas paralelas. A classe burguesa mostrará a política democrática, ou mesmo social-democrata, mais audaz, enquanto lança os esquadrões de assalto da contra-revolução sobre o proletariado para o aterrorizar. [3] Eis, apesar disso, outro aspecto da questão, que apenas serve para mostrar o quão desprovida de sentido está a antítese entre o fascismo e a democracia parlamentar, como a atividade eleitoral do fascismo prova de modo mais que suficiente.

         Não é preciso ter-se um projeto particularmente brilhante para alcançar o estatuto de partido eleitoral e parlamentar. Não é já necessário resolver o difícil problema da elaboração de um programa “novo”. O fascismo nunca poderá formular a sua razão de ser em quadros programáticos, nem formar aí uma consciência exata, uma vez que é, em si mesmo, o produto da multiplicação do programa e da consciência de toda uma classe. Logo, se ambicionar falar em nome de uma doutrina, voltará a entrar no enquadramento histórico do liberalismo tradicional, que lhe confiou a acusação de violar a sua doutrina “de uso externo” enquanto reserva para si os pregões do passado.

         O fascismo não soube, pois, definir-se no Congresso de Roma, e nunca aprenderá a fazê-lo (a não ser que seja para renunciar à vida e ao exercício das suas funções), uma vez que o segredo da sua constituição se resume na seguinte fórmula: a organização é tudo, a ideologia é nada, o que responde dialeticamente à fórmula liberal: a ideologia é tudo, a organização é nada.

         Depois de demonstrar sumariamente que a separação entre a doutrina e a organização caracteriza os partidos de uma classe decadente, será muito interessante provar que a síntese da teoria e da ação é a caracterização própria dos movimentos revolucionários em ascensão, proposição de corolário que responde a um critério rigorosamente realista e histórico. Creia-se, pois, que o que conduz a esta conclusão, quando se conhece o adversário e as razões da sua força melhor que ele próprio, e quando se retira a sua própria força de uma consciência clara dos objetivos a alcançar, é que não se pode não vencer!

 Partido Comunista de Itália, 17 de novembro de 1921 [4]

         Notas

         1 – Referência ao II Congresso Nacional dos Fasci, que foi organizado em Roma, de 7 a 10 de novembro de 1921, e fundou o Partido Nacional Fascista. Trinta mil fascistas estiveram reunidos na capital italiana nessa ocasião, tendo-se entregado aos seus atos habituais (em três dias, assassinaram cinco pessoas e feriram 120). No dia nove de novembro, assassinaram um ferroviário; o proletariado romano respondeu-lhes com uma grande greve geral que ninguém fez vergar – nem as ordens do governo, nem um ultimato fascista –, tendo apenas terminado no dia catorze, já depois do fim do Congresso. (O programa do P.N.F. adotado no Congresso apenas apareceu em “Il popolo d’Italia” no dia 27 de dezembro.)

         2 – Poucos exemplos há na historiografia tão acutilantes como a tríade de textos de Karl Marx sobre estes feitos da burguesia sobre as velhas e novas ordens: As Lutas de Classes em França (1848-50), O 18 de Brumário de Luís Napoleão (1851-52) e A Guerra Civil em França (1871). (N. do T.)

         3 – Alusão à insurgência Espartacista de janeiro de 1919, na qual as forças do Partido Comunista Alemão (KPD) e da Liga Espartacista (Spartakusbund) entraram em conflito armado, por toda a Alemanha, com forças governamentais (afetas ao SPD, o Partido Social-Democrata Alemão), no culminar de um arrastado escalar de tensões de parte a parte no contexto social e político da Alemanha pós-I GM. Na sequência destes conflitos, figuras importantes associadas às forças revolucionárias, como Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, foram assassinadas por unidades paramilitares (Freikorps) afetas ao governo. (N. do T.)

4 – Embora a forma sucinta e ocasionalmente irónica através da qual o autor expressa o seu pensamento (didaticamente a partes, criticamente a outras) aponte para uma autoria de Amadeo Bordiga, respeitamos os desejos do próprio ao atribuir o texto à organização à qual pertencia, por si encabeçada à altura (Partido Comunista de Itália). (N. do T.)

Entrevista ao Coletivo Feminista de Letras: “O feminismo tem de ser universal e interseccional, de forma a englobar todas as mulheres em várias condições, sejam financeiras, físicas, psicológicas ou até no que toca à identidade sexual e identidade de género”

Inúmeros estudos têm vindo a ser divulgados no que à desigualdade de género diz respeito. Aumentaram os casos de violência doméstica com os sucessivos confinamentos (https://www.rtp.pt/noticias/pais/pandemia-esta-a-contribuir-para-o-aumento-da-violencia-domestica_a1292833), a desigualdade de género prevalece no que aos cargos políticos diz respeito (https://cutt.ly/7xKdJrf) as mulheres estão mais vulneráveis por estarem na linha da frente do combate ao vírus (70% dos profissionais de saúde no mundo são mulheres, dados da OMS-https://cutt.ly/AxKoIsO) e encontram-se cada vez mais sobrecarregadas com trabalho não só no emprego como também em casa.

No entanto, existe quem não se resigne. Decidimos então, ainda na ressaca da celebração do dia da mulher dia 8 de março e das lutas organizadas dia 7 de março no Porto e 13 de março em Lisboa pelo Movimento Democrático de Mulheres, entrevistar o movimento estudantil conhecido por Coletivo Feminista de Letras para tentar perceber a realidade da luta pelos direitos das mulheres.

Este coletivo organiza-se na faculdade de Letras da Universidade do Porto e já organizou uma série de eventos. Surgiu com o propósito de “criar um espaço de reflexão e debate sobre o movimento feminista e as diferentes formas de repressão e violência exercidas sobre as mulheres”. Desde debates e conversas entre estudantes a projeções de filmes, este coletivo funciona de e para os estudantes.

Porque é que decidiram criar o coletivo, e como foi a experiência de criar o
coletivo?

O Coletivo Feminista de Letras nasceu da necessidade de criarmos um espaço de reflexão sobre as várias opressões de que as mulheres são alvo, de nos mobilizarmos contra o machismo presente na academia e de pensarmos formas de organização feminista e anticapitalista dentro da faculdade.
Quando criámos o nosso coletivo, não existia nenhum com este formato em nenhuma universidade do país. Algumas companheiras conheciam companheiras brasileiras que lhes contaram a experiência de organização dos coletivos feministas nas faculdades no Brasil. A partir daí, surgiu a ideia de trazermos esse formato para Portugal, mais concretamente para a FLUP. No início, éramos um grupo muito pequeno e fomos recebidas com muita hostilidade na faculdade, escreviam ataques nas casas de banho, sabotavam as nossas atividades, etc. Fizémos uma atividade sobre o machismo na praxe que encheu um auditório com mais de 100 pessoas, passámos filmes subversivos e criámos espaços de debate que não existiam antes.

Que problemas mais específicos enfrentam no dia a dia?
Desde o início do Coletivo Feminista de Letras que, sempre que lançávamos campanhas, muitas delas eram vandalizadas dentro da própria faculdade. Temos uma campanha, agora em pausa devido ao confinamento, relativa à equidade menstrual e ao combate à pobreza menstrual, que não foi muito bem recebida por vários membros da comunidade académica e estudantil, visto que os postos onde estavam os produtos de higiene menstrual foram vandalizados. Nesta nova realidade desde 2020, o maior obstáculo tem sido o facto de termos de realizar todas as campanhas e atividades de consciencialização, de discussão política, culturais, de forma online, não tendo um impacto tão grande como se fosse presencial. Mantemo-nos ativas e a realizar eventos junto da comunidade académica e não só, e acreditamos que são produtivos para quem neles participa e para nós também, tendo em conta que estamos em constante aprendizagem.

Como é que as pessoas reagem à vossa intervenção?
No geral, as respostas têm sido muito positivas e temos tido bastante apoio e intervenção do público. Temos consciência que o trabalho que fazemos é importante e tem de ser discutido na sociedade dos dias de hoje. Contudo, em assuntos denominadamente mais polémicos, temos respostas muito negativas de pessoas, sobretudo homens, que se recusam a aceitar os ideais que o coletivo defende, chegando, por vezes, a ameaçar o coletivo como um todo e acusá-lo de ser extremista.

Quais são as causas do machismo/patriarcado e quão estão relacionadas com a
luta de classes?

Acontece que o capitalismo incorporou o patriarcado e acentua as desigualdades entre homens e mulheres, afetando sobretudo as mulheres de classes mais pobres, da mesma forma que acentua o racismo. Desta forma, o feminismo também vem a reforçar a luta de classes, visto que muitos dos movimentos feministas começaram com a revolta da mulher da classe trabalhadora. O capitalismo surge como um sistema repressivo não só para mulheres mas para todas as minorias. Achamos necessário que o feminismo seja anticapitalista e antirracista, porque só desta forma é que poderemos assistir à queda do patriarcado. Tudo isto referido anteriormente só poderá ser abolido através da luta de classes. O feminismo encontra-se ao lado do socialismo e a igualdade só será alcançada quando todos e todas tivermos as mesmas oportunidades, sem preconceitos e discriminações.

De que forma é que as pessoas podem educar-se e envolver-se na luta
feminista?

Primeiramente, as pessoas podem começar por pensar e analisar certos acontecimentos do quotidiano, refletindo e colocando questões. Após este processo, as pessoas irão ganhar uma maior consciência para a luta feminista e irão perceber em que tipo de sociedade é que vivem. Ao analisar não só a sua situação, mas principalmente a situação de outras mulheres que sofram de diferentes opressões, o público pode perceber que a luta feminista ainda tem um longo caminho a percorrer. Mesmo que a pessoa em particular não tenha a
oportunidade para integrar uma organização ou um coletivo como o nosso, aconselhamos sempre que se manifestem de forma a que a sua voz seja ouvida, em organizações, em movimentos, em partidos políticos, nas ruas, participando em eventos, tirando, assim, proveito de todos os recursos possíveis para ampliar as vozes das mulheres.

Quais são os principais problemas dentro do movimento e do ativismo
feminista?

Pensamos que neste momento um dos maiores problemas no feminismo trata-se do denominado feminismo liberal que dá uma falsa ideia de feminismo e não engloba todas as mulheres. O feminismo tem de ser universal e interseccional, de forma a englobar todas as mulheres em várias condições, sejam financeiras, físicas, psicológicas ou até no que toca à identidade sexual e identidade de género. O maior problema do movimento feminista é que certas variantes visam um feminismo muito generalista e individualista que não salvaguarda os direitos de todas as mulheres. O ativismo feminista tem de ser interseccional, pois se não
é para todas então não é feminismo. Quando se torna seletivo ou demasiado generalizado, pensamos não se tratar de um ativismo eficaz.

Em que medida o ressurgimento da extrema direita constitui grandes retrocessos na luta feminista?
A extrema-direita é uma enorme ameaça aos direitos das mulheres, visto que defende uma visão extremamente ultrapassada de como a mulher deve existir na sociedade. O crescimento de movimentos de extrema-direita, como está a acontecer em Portugal inclusive, coloca em causa os direitos das mulheres e todos os marcos na luta pela nossa emancipação que foram atingidos até agora.
A onda crescente da extrema-direita conservadora tem como objetivo calar as
mulheres e mantê-las submissas. Tendo em conta que grande parte dos marcos relevantes para as mulheres, sobretudo mulheres de classe trabalhadora, se devem a enormes contribuições da luta marxista e socialista para a luta feminista, é certo que a luta das mulheres constitui uma ameaça para a extrema-direita conservadora e capitalista.


Sendo nós um jornal, queríamos perguntar se o coletivo e o feminismo tem a
exposição necessária nos meios de comunicação?

Pensamos que nos dias de hoje, felizmente, o feminismo está a ganhar mais destaque nos meios de comunicação, especialmente nas redes sociais. Ainda assim, muitas vezes é um feminismo liberal e não inclusivo de todas as mulheres; não focando nos problemas sobretudo das mulheres das classes económicas mais baixas. A exposição nos órgãos de comunicação social, como a televisão ou jornais, é insuficiente e torna-se num problema para o movimento, cujo objetivo é chegar a mais mulheres quanto possível. Muitas mulheres não têm o mesmo acesso aos meios de comunicação ou tempo para se envolver nas questões de género, o que exige um esforço acrescido por parte das organizações e coletivos feministas, para que a luta pela emancipação das mulheres não se perca dentro da redoma das redes sociais. É necessário que essa luta seja feita nos espaços públicos, nos locais de trabalho, nas faculdades e nas ruas, politizando o máximo número de mulheres possível. Relativamente ao coletivo, pensamos que vai ganhando cada vez mais visibilidade com o passar dos tempos, com mais colegas interessadas em participar, sendo o nosso objetivo chegar a um grupo cada vez maior.

Como é que o feminismo ajuda e ajudou as mulheres em situações económicas mais precárias?
As mulheres operárias tiveram e continuam a ter um papel fundamental na luta pelos direitos das mulheres, reivindicando melhores salários, horários de trabalho dignos, direito à maternidade e paternidade. O feminismo é uma forma da sociedade avançar e se tornar mais democrática, exigindo a autodeterminação dos povos, a libertação de todas as mulheres da exploração, da submissão, desejando o fim do patriarcado. Pensamos que apesar de todas as conquistas que temos até hoje, como o direito ao voto e à participação democrática na política do país ou o direito à interrupção voluntária da gravidez, o feminismo, de forma a ter consequências positivas concretas na vida das mulheres mais pobres, tem de ser incorporado no dia-a-dia de todas e todos, tem de ser normalizado em conjunto com a luta de classes, e tem de ser uma luta constante e que ocupe o espaço
político. A consciencialização para a falta de habitação, falta de emprego, pobreza
menstrual e para os casos de femicídio e transfemicídio que temos vindo a assistir nos dias de hoje, bem como a reivindicação do fim das propinas no ensino superior e reivindicações de direitos laborais, a importância do reconhecimento do trabalho reprodutivo, são questões fundamentais na luta feminista para que se ponha um ponto final na violência contra as mulheres.

Quanto à pandemia, como tem sido a situação das mulheres precárias e
como tem sido possível manter o ativismo?

No contexto de pandemia, é de conhecimento geral que a situação das mulheres precárias tem vindo a ficar cada vez pior. Se estivermos a falar de pobreza, é verdade que, a cada dia que passa, mais mulheres se encontram numa situação precária. Não podendo trabalhar “a 100%” devido a todas as restrições, as mulheres continuam a ser empurradas para realizar praticamente todas as funções relacionadas com a lida doméstica. Em casa, para além de realizarem o seu trabalho remunerado, ainda se veem na obrigação de realizar a maioria
das tarefas domésticas e cuidar dos filhos. Esta pandemia empurrou muitas mulheres novamente para esta posição e fez com que, em certos casos, as mulheres tivessem de conviver com o seu agressor todos os dias, em casos de violência doméstica. Todos estes fatores colocam em risco a posição da mulher na sociedade, tendo inclusive sido comprovado que, durante a pandemia, foram publicados mais artigos científicos elaborados por homens do que por mulheres, pelo que esta situação de disparidade de género se reflete também no meio académico e não só laboral.

Um muito obrigado ao coletivo pelo tempo disponibilizado. O Jornal Bandeira Vermelha deseja a maior sorte para todas as lutas que se avizinham.

Contactos do Coletivo Feminista de Letras:

coletivofeministaletras@gmail.com

https://www.facebook.com/coletivofeministaletras/

O Quilombo dos Palmares e a resistência ao luso-colonialismo

Ontem assinalámos o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravatura e do Comércio Esclavagista Trans-Atlântico.

Vários artigos e crónicas poderiam sair num dia destes quando se vive num país que tem na sua História o sangue de mais de 6 milhões de escravos traficados no Atlântico.

A infeliz ignorância em que vivemos em relação à dimensão dos crimes que Portugal cometeu é estrondosa. O comércio esclavagista chegou a um mínimo de 4 escravos por cada português livre. Foi algo tão brutal em força que possibilitou a construção e exploração do 5º maior país do Mundo, o Brasil.

Mas preferi não falar hoje dos criminosos, mas sim dos resistentes, nomeadamente os Quilombos no Brasil e o seu exemplo máximo, o dos Palmares.

  1. O achamento e colonização do Brasil

Começando de início: o Brasil é oficialmente cartografado pelos portugueses em 1500, apenas 1 ano depois de Vasco da Gama ter regressado da India, 8 anos depois Cristóvão Colombo ter achado as ilhas americanas das Caraíbas e 2 anos após o mesmo ter chegado ao Golfo do México.

Até aqui o colonialismo português tinha pouca necessidade da escravatura, embora a utilizasse frequentemente em Cabo Verde. Isto não é devido a nenhuma empatia portuguesa que os permitia explorar sem escravizar o resto do Mundo. Apenas havia um maior esforço para a guerra bélica e a conquista militar (Norte de África e India) e para a descoberta e manutenção da exclusividade das rotas marítimas de comércio. Nunca havendo um território para povoar, explorar e colonizar, a necessidade da mão-de-obra escrava era menor do que o seu custo de manutenção.

Isto muda com o Brasil.

Em 1504, D.Manuel atribui por Carta Régia a primeira capitania brasileira. Estas eram governadas por “donatários”, empreendedores da baixa nobreza e da burguesia que já se começava a desenvolver como classe social.

Este era um sistema que já havia sido implementado na colonização da Madeira e de Cabo-Verde (o primeiro com maior uso da imigração, o segundo com o tráfico esclavagista), e é consequência de várias tentativas falhadas de exploração do território brasileiro por parte da Coroa portuguesa e várias investidas de corsários estrangeiros no litoral do Brasil, principalmente franceses.

D. João III, filho de D. Manuel I, vai ser o monarca que mais desenvolve este sistema, criando ao longo do seu reinado várias capitanias hereditárias. O donatário adquiria vários dos poderes do rei: deveria com os seus próprios recursos, fundar e defender vilas e desenvolver colonatos, criar impostos que depois seriam também reenviados à Coroa, podia condenar ameríndios, escravos e homens livres à morte, espalhar a fé católica, podia escravizar ameríndios e especialmente deveria explorar os recursos naturais brasileiros. A Coroa tinha o monopólio do pau-brasil e das especiarias e recebia ainda 20% de todas as pedras preciosas encontradas ( o donatário tinha direito a outros 10%).

As capitanias tiveram no geral enormes problemas no seu desenvolvimento: a mal-adaptação ao clima, os ataques de ameríndios e estrangeiros, dificuldades na aplicação da Justiça, a falta de comunicação entre as várias capitanias e destas com a Coroa, falta de recursos humanos – que cria uma necessidade nunca antes vista de mão-de-obra escrava, entre outros.

A excepção a esta regra são as capitanias de Pernambuco (também chamado Nova Lusitânia, primeira capitania a ser criada) e de São Vicente, maioritariamente devido ao enorme tamanho que as mesmas adquiriram permitindo uma vasta exploração de recursos alimentares, a sua proximidade às rotas mercantis e de tráfico esclavagista e a enorme produção de cana-de-açúcar.

Em 1548 para colmatar as falhas administrativas do território cria-se um governo central. O tráfico de seres humanos de África para a América e a destruição das culturas nativas foram as respostas mais comuns para o desenvolvimento da exploração de recursos. Uma política genocída e esclavagista em toda a linha.

2. A Guerra da Sucessão

D. Sebastião, neto e sucessor de D. João III, coroado rei com 3 anos de idade, morre famosamente na Batalha de Alcácer-Quibir em 1578, aos 24, criando no Império Português uma crise de sucessão à Coroa, visto não haver deixado descendentes.

As Cortes viram-se umas contras as outras numa luta entre candidatos das várias classes sociais. D. António, prior do Crato, rei aclamado pelo Povo, acaba mesmo por entrar em guerra com D. Filipe II de Espanha, rei aclamado pela Nobreza e Burguesia.

Este enorme conflito de 5 anos retira enormes recursos financeiros, humanos e bélicos e desviaram todas as atenções burocráticas para a crise dinásticas e a eventual Guerra da Sucessão em 1580.

3. A Resistência Negra nos Quilombos

Ao longo de 300 anos de escravatura no Brasil colonial temos mais de 38 revoltas contra o Império esclavagista português, num movimento que incluiu mais de meio milhão de pessoas – intercalado com vários movimentos de emancipação negra a nível internacional, com enorme destaque para a Revolução Haitiana.

Desde do início da colonização do Brasil que existiu resistência ao sistema esclavagista e comumente existiam casos de suicídio, assassinatos dos senhores, fugas e até organizações culturais

Apesar de serem desde dessa altura e até à atualidade a maioria da população trabalhadora os ameríndios e as pessoas negras são vastamente ignorados da História para retirar a nossa de Resistência da nossa memória histórica enquanto classe oprimida.

Esta resistência vê nos Quilombos a sua maior materialização histórica. Aqui o trabalho escravo e a relação de forças violenta eram negados ao se formar um colonato resistente de pessoas que haviam sido traficadas.

Quilombo vem da palavra da língua banto umbundo Kilombo e refere-se a uma instituição militar dos povos jagas ou imbagala da África Central, dos atuais Congo e Angola.

Ao longo dos anos assistiu-se à formação de inúmeras centenas de Quilombos. É importante ressalvar que estes não foram meia dúzia de casos isolados restritos ao imperialismo português, mas sim fenómenos internacionais de resistência anti-colonial, que aconteceram durante séculos, resistiram durante décadas e que nunca as derrotas de uns abrandaram a resistência de outros e a formação de novos.

Em 1740, a Coroa portuguesa definiu Quilombo como “toda a habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles”. Passava uma imagem de propaganda dos Quilombos, pintando-os como antros de ladrões e assassinos e alimenta sentimentos de xenofobia e racismo entre os colonos. Muitas vezes causou inclusive um receio das pessoas negras de se associarem aos Quilombos, mesmo os que até hoje descendem desta cultura.

4. O Quilombo dos Palmares

Provavelmente o maior exemplo da resistência anti-colonial dos Quilombos é o Quilombo dos Palmares.

Este é formado em 1580 – no início da Guerra da Sucessão – por escravos fugidos dos engenhos (produção de açúcar) da Capitania de Pernambuco. A zona montanhosa na floresta que separa os atuais estados de Pernambuco e de Alagoas serviria de local para um episódio de resistência incrível que haveria de durar até 1710: os Palmares.

O impacto destes 130 anos de resistência é notável quando percebemos que este Quilombo é considerado o berço da capoeira e que chegou a ter no seu principal mocambo (povoamento, Cerca Real do Macaco) mais de 6 mil habitações em 1670 (a maior cidade brasileira da época, o Rio de Janeiro, contava com 7 mil), alguns historiadores apontam para uma população de mais de 20 mil pessoas (talvez ultrapassando as 30 mil). Os seus membros vinham de várias regiões do Nordeste brasileiro, e eram na sua na sua maioria pessoas negras, mas também se contavam pessoas mestiças, pessoas brancas pobres e ameríndios.

Há que perceber que esta era de facto a classe trabalhadora brasileira da época, mesmo que sem consciência de si própria, tornando Palmares um sítio de resistência e diversidade.

5. A organização do Quilombo dos Palmares

A principal atividade económica dos quilombolas era a agricultura, a caça, a pesca, a recolha de frutos (nomeadamente o caju e ao abacate, entre outros) o artesanato e o comércio. Sabemos que existia uma abundância alimentar que permitia não só as trocas comerciais de alimentos, mas também o seu armazenamento, gestão e repartição de forma a impedir a existência de fomes e escassez.

Não existia propriedade privada da terra, esta estava repartida e era atribuída a todos os quilombolas que teriam que trabalha-la. Toda a produção era dada ao Conselho que reunia os representantes dos vários mocambos, que depois a repartia entre toda a população. A venda da terra era proibida. A posse (propriedade pessoal) também não existia sendo provável um sistema de coletivização social e socialização dos meios de produção. Também não existia dinheiro.

As classes sociais no Quilombo dos Palmares são dos assuntos mais controversos da sua História mas não existe registo que de facto existissem para além da aglomeração nuclear de certas etnias africanas por diferentes mocambos que deveriam escolher um representante para o Conselho com idêntico poder que todos os outros.

O Conselho tomava decisões de forma democrática e por consenso. O seu líder (vulgo “chefe” ou “rei”) era eleito pela base – aclamado pelo povo em Assembleia Geral dos Quilombolas – e poderia ser deposto. As mulheres participavam tanto neste Conselho como na organização económica e militar.

O sistema social era a poliandria – a base familiar era composta por direito matriarcal em que uma mulher possuía vários companheiros.

Militarmente capacita-se a noção de armar o povo para a sua própria auto-defesa. A ação militar estava centralizada no mocambo de Subupira que contava com cerca de 800 habitações.

Embora hajam autores que queiram malear a História para condizer com as suas crenças, o Quilombo dos Palmares não apresentava escravatura (lembrando até que o conceito seria impossível numa comunidade sem propriedade ou posse). No entanto também é preciso lembrar-nos que esta era efetivamente uma sociedade do século XVII com raíz nas tradições culturais africanas da altura. Dito isto, houve alturas em que os prisioneiros de guerra (maioritariamente atacantes, por vezes colonos feitos reféns na guerrilha) teriam que realizar trabalho obrigatório temporariamente como uma forma de punição. Estes prisioneiros em nada se comparavam aos escravos dos europeus, beneficiando de mais direitos e tendo a garantia da sua liberdade no final da sentença.

6. Anti-esclavagistas

Após as Guerras Luso-Holandesas (consequência da Guerra da Restauração da Independência, em que a Holanda, que já havia atacado regiões pertencentes à Coroa de Habsburgo, da qual também afirmou a sua independência, aproveitou o conflito luso-espanhol para tomar Pernambuco para si, sendo a região depois restaurada para o domínio português) existe um esforço – por necessidades económicas – de redesenvolver a produção de engenhos de açúcar na região.

No entanto, falta mão-de-obra e a capacidade portuguesa de escravizar e traficar seres humanos já não é a mesma de há 200 anos atrás.

A prosperidade económica de Palmares já era demasiada para ignorar a este ponto, e os portugueses retomam várias investidas militares contra o Quilombo, todas sem sucesso. Como antes, e como com os espanhóis e holandeses, Palmares sai invencível. Seriam precisas 18 investidas militares desde do fim do período holandês (1654) para derrotar os quilombolas.

Em 1677 o governador-geral português oferece um tratado de paz a Ganga Zumba, líder dos quilombolas que havia introduzido um estilo de ofensiva muito semelhante à guerrilha. Neste tratado todos os quilombolas nascidos em Palmares continuariam pessoas livres e receberiam umas terras (inférteis) na zona de Cocáu. Todos os escravos que tivessem fugido para Palmares seriam reescravizados.

Sabemos que a maioria da população estava contra este acordo por motivos óbvios, o que faz com que os portugueses intervenham, ajudando a envenenar Ganga Zumba e a subir ao poder o seu irmão Ganga Zona, aliado dos portugueses.

A Assembleia Geral não permite este acordo, ou esta liderança, retoma Palmares e proclama o líder militar e sobrinho dos Gangas, Zumbi, chefe dos quilombolas.

Zumbi era um líder astuto e fomentou mais ataques de guerrilha contra as povoações portuguesas com engenhos. Aqui, adquire uma postura nova: esta guerra é feita para 1. danificar estratégica e economicamente os portugueses, 2. adquirir armas, 3. libertar escravos, a maioria dos quais se junta aos quilombolas.

Com Zumbi nasce uma verdadeira postura anti-esclavagista, já verificada com outros líderes, mas que com este adquire um verdadeiro sentido emancipatório: a libertação de escravos torna-se uma prioridade do Quilombo.

7. O fim

Em janeiro de 1694, após novo ataque falhado, os portugueses organizam nova ofensiva, incluindo esta artilharia e um regimento de 6 mil homens. Apesar de mais um insucesso conseguiram fazer um prisioneiro de valor: um quilombola que a troco da sua liberdade estava disposto a revelar a localização do acampamento de Zumbi.

Após esta traição, Zumbi é encurralado e morto a 20 de novembro de 1695.

A sua morte foi tão significativa para a nobreza e latifundiários que é anunciada ao rei de Portugal com grande pompa e a sua cabeça é posta no topo de um mastro, em praça pública, no Recife.

Sem a liderança de Zumbi, o Quilombo vê-se atirado para um período de decadência, acabando engolido pelo Império Português em 1710. O dia do seu assassinato foi em 2011 feito Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil.

Esta é uma história inspiradora de resistência e sacrifício em que conhecemos um povo que durante mais de um século se recusou a ser escravo e partindo do nada criou das civilizações mais florescentes, democráticas, multiculturais e igualitárias de todo o século XVII. A sua força apaixonante viverá sempre em que luta por uma sociedade mais igual, ontem, hoje e sempre.

“Por menos que conte a História / Não te esqueço meu povo / Se Palmares não vive mais / Faremos Palmares de novo” – José Carlos Limeira

Rodrigo A. Silva

Hoje nas notícias, 26 de março

EUA bloqueiam proposta da Venezuela para revisão das sanções na OMC

EUA interrompem reunião da OMC destinada a tratar disputa de sanções contra  Venezuela - Sputnik Brasil

Na sexta-feira, os Estados Unidos impediram a Venezuela de prosseguir com a sua disputa em relação às sanções de Washington na Organização Mundial do Comércio, aproveitando a questão para enfatizar a sua rejeição a Nicolas Maduro como presidente legítimo do país.

A Venezuela planeava solicitar a formação de um painel da OMC para decidir se as sanções impostas pelos Estados Unidos em 2018 e 2019 violavam as regras de comércio global.

Os Estados Unidos pediram que o pedido fosse retirado, o que a Venezuela se recusou a fazer. Este ato levou ao órgão comercial a suspender uma reunião sobre este e outros assuntos comerciais no início, disse uma autoridade comercial com sede em Genebra.

O porta-voz do Representante de Comércio dos EUA, Adam Hodge, disse que o pedido do painel era ilegítimo porque o governo Maduro não falou em nome do povo venezuelano.

“Os Estados Unidos rejeitarão qualquer tentativa de Maduro de usar indevidamente a OMC para atacar as sanções americanas destinadas a restaurar os direitos humanos e a democracia na Venezuela”, disse ele num comunicado.

A ação dos EUA teve como objetivo deixar claro que o presidente Joe Biden e o seu governo continuarão a sua postura dura contra Maduro e tentarão pressioná-lo a realizar eleições livres e justas, disse um alto funcionário dos EUA.

“Se os Estados Unidos e outros membros permitissem que representantes do regime ilegítimo de Maduro exercessem direitos na OMC em nome da Venezuela, seria o equivalente a reconhecer o próprio regime de Maduro”, disse o funcionário. “Isso seria contrário à firme política do governo Biden-Harris de apoio ao povo da Venezuela.”

A administração de Biden continua a reconhecer o líder da oposição Juan Guaido como presidente interino. Dezenas de países apoiaram a reivindicação de Guaido após a reeleição de Maduro em 2018 numa votação que os governos ocidentais chamaram de farsa.

A Casa Branca disse no mês passado que “não tinha pressa” em suspender as sanções dos EUA à Venezuela, mas consideraria flexibilizá-las se Maduro tomasse medidas de fortalecimento da confiança, mostrando que está pronto para negociar seriamente com a oposição.
O governo Biden este mês também concedeu proteção temporária aos migrantes venezuelanos que vivem nos Estados Unidos, cumprindo a promessa de Biden durante a campanha eleitoral de 2020 de dar abrigo àqueles que fugiram do colapso económico e turbulência política sob Maduro.

O funcionário baseado em Genebra disse que Peru, Brasil e Colômbia apoiam a posição dos EUA, enquanto Cuba e Rússia afirmam que a Venezuela tem o direito de apresentar o seu pedido.

Os eventos de sexta-feira colocaram a OMC numa situação difícil, visto que a suspensão da reunião também coloca em espera outras disputas e um pedido de mais de 100 países para restabelecer o órgão da OMC que governa os recursos em disputa.

Os Estados Unidos, sob o presidente Donald Trump, bloquearam as nomeações para o Órgão de Apelação da OMC, deixando-o com poucos membros para ouvir casos.

Fonte: Reuters

Bónus em Wall Street aumentam 10% em 2020, diz controlador do estado de NY

Wall Street Meets Greed Street | Investing Caffeine

O bónus médio pago aos funcionários da indústria de valores mobiliários da cidade de Nova York em 2020 aumentou 10%, para US $ 184.000, disse um importante regulador financeiro do estado de Nova York num comunicado na sexta-feira.

“O ano quase recorde de Wall Street destruiu todas as expectativas”, disse o Controlador do Estado de Nova York, Thomas DiNapoli.

“A previsão inicial de um ano desastroso para os mercados financeiros foi revertida drasticamente por um boom na atividade de subscrição, taxas de juros historicamente baixas e picos no comércio estimulados por mercados voláteis”, acrescentou.

O pool de bónus de 2020 aumentou 6,8% para $ 31,7 mil milhões, durante a tradicional temporada de bónus de dezembro-março, de $ 29,7 mil milhões em 2019, de acordo com o relatório, que chamou o número de crescimento de “único após um evento recessivo”.

Os bónus caíram 33% em 2001 após o ataque de 11 de setembro e 47% em 2008, disse o relatório.

A firma de compensação Johnson Associates Inc, em novembro, disse que esperava que os bónus de fim de ano para a maioria dos trabalhadores de Wall Street diminuíssem em 2020 em comparação com 2019 devido ao impacto do COVID-19 na economia dos EUA.

Fonte: Reuters

Bloqueios de estradas marcaram a greve pacífica de agricultores na Índia

Tractors, trucks block India's roads as farm protests widen - World -  DAWN.COM

Os bloqueios de rodovias, estradas e ferrovias marcaram hoje a greve pacífica convocada pela aliança sindical agrícola da Índia Sanyukta Kisan Morcha, que exige a eliminação de novas leis no setor.

O chamado Bharat Bandh era apoiado por partidos de oposição, centrais sindicais, estudantes e organizações de mulheres, exceto nos estados envolvidos na votação, informou o portal Newsclick.

Houve protestos em partes dos estados indianos de Punjab, Haryana, Rajasthan, Uttar Pradesh, Andhra Pradesh, Jharkhand, Maharashtra, Karnataka e Jammu e Caxemira, entre outros.

A greve de 12 horas comemorou quatro meses de manifestações de agricultores, que exigem a revogação de três leis agrícolas e buscam a garantia legal do preço mínimo de apoio para todas as colheitas.

Enquanto os manifestantes bloqueavam as principais estradas e ferrovias, os comerciantes fecharam voluntariamente mercados, shoppings e outras instituições.

Transportadoras e diferentes associações comerciais também aderiram à paralisação em protesto contra o aumento dos preços dos combustíveis.

Embora o dia tenha sido pacífico, vários líderes de agricultores foram presos e presos em Uttar Pradesh, Gujarat e Karnataka, disse a fonte.

O protesto de quatro meses por centenas de milhares de agricultores, principalmente dos territórios de Punjab, Haryana e Uttra Pradesh nas entradas de Nova Delhi, até agora resultou na morte de mais de 300 manifestantes.

Os sindicatos agrícolas exigem que o governo de direita do primeiro-ministro Narendra Modi revogue um trio de decretos aprovados em setembro do ano passado pelo Parlamento.

Os agricultores acusam esses novos postulados para a agricultura de enfraquecer o mecanismo pelo qual o Estado compra as suas colheitas, deixando-as à mercê dos grandes monopólios, e, portanto, prejudicando a vida de milhões de pessoas.

Apesar de 11 rondas de negociações entre líderes sindicais e membros do gabinete, o impasse ainda não foi resolvido.

Fonte: Prensa Latina

AEM deu luz verde às novas fábrica de vacinas na Europa

AEM deu luz verde à fábrica de vacinas da AstraZeneca na Holanda, da Pfizer / BioNTech em Marburg, Alemanha, e a adição de novas linhas de produção de vacinas Moderna a uma fábrica na Suíça.

As primeiras vacinas AstraZeneca a serem produzidas na fábrica na Holanda são esperadas para o final de março, enquanto os primeiros lotes da vacina Pfizer / BioNTech na fábrica de Marburg devem ser entregues no início de abril.

O objetivo dessas alterações é aumentar a capacidade de produção e oferta de vacinas no mercado da União Europeia.

A fábrica da Halix, na cidade holandesa de Leiden, que produz doses da vacina AstraZeneca, é objeto de polémica entre a União Europeia e o Reino Unido.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou ontem que a AstraZeneca, que entregou à União Europeia apenas 30 das 120 milhões de doses da vacina que prometeu no seu contrato com a Comissão, fará no primeiro trimestre”, deve primeiro fazer para os atrasos “e cumprir as suas obrigações contratuais antes de poder exportar vacinas para fora da Europa.

A Comissária Europeia da Saúde, Stella Kyriakidou, disse que a decisão do Coreper sobre a unidade Halix significa que dentro de alguns dias quantidades adicionais de vacinas serão entregues como parte do cumprimento das obrigações contratuais da AstraZeneca para com os cidadãos europeus.

Se não fosse pela redução nas entregas da AstraZeneca, o percentual de vacinações na União Europeia dobraria, acrescentou Stella Kyriakidou.

A aprovação do funcionamento da fábrica de Marburg vai permitir a aceleração da produção e entrega das vacinas previstas no contrato complementar com a BioNtech / Pfizer, explicou ainda o comissário europeu.

Fonte: Agência de Notícias Amna

Hoje nas notícias, 25 de março

Nos EUA, a taxa de vacinação de hispânicos e afro-americanos é menor em comparação com a população branca

Black Americans are getting vaccinated at lower rates than white Americans

De acordo com o estudo divulgado pela agência de notícias Sputnik, essa disparidade pode ser atribuída à idade, já que a população hispânica é mais jovem em comparação com outros grupos étnicos. Enquanto isso, mais de uma dúzia de estados vacinaram um quarto da sua população branca.

Além disso, pesquisas indicam que em 35 estados e na cidade de Nova York a diferença entre a proporção de brancos e afro-americanos vacinados diminuiu em mais de um ponto percentual, embora em alguns outros estados essa diferença tenha aumentado.

Algumas dessas diferenças podem ser devidas ao maior número de pessoas brancas que pertencem ao grupo de idosos, ou estão nos grupos de pessoas com prioridade para receber a vacina, como os profissionais de saúde.

Por sua vez, algumas estruturas de saúde atribuem essa disparidade à desconfiança, por exemplo, algumas pessoas que pertencem a comunidades afro-americanas não acreditam que um sistema que durante séculos as maltratou e ignorou agora cuida da sua saúde. No entanto, existem outras causas que têm a ver com tempo e dinheiro.

Enquanto isso, os dados sobre vacinas em povos indígenas americanos não são exatos e o último conhecido é que foram vacinados 39%.

O estudo conclui que, no momento, é difícil identificar as razões exatas para essa disparidade de vacinação, pois os dados permanecem inconclusivos, embora se presuma que os fornecedores de vacinas recolham mais informações demográficas.

“Os primeiros sinais de desigualdade devem ser um apelo claro por dados melhores e mais completos sobre raça e etnia. Sem isso, não seremos capazes de avaliar totalmente o quão bem ou mal os EUA estão a responder a todos os seus residentes”, conclui o estudo.

Fonte: Agencia Boliviana de Información

Alto funcionário europeu alerta para crescente racismo em Portugal

Slavery memorial highlights Portugal's racism taboo - BBC News

O Comissário do Conselho da Europa para os Direitos Humanos, Dunja Mijatović, publicou um relatório na quarta-feira sobre “o crescente nível de racismo e a persistência da discriminação” no país do sul da Europa.

Mijatović destacou como preocupação especial o aumento no número de crimes de ódio motivados por motivos raciais e discurso de ódio, e a discriminação contra os ciganos e os de ascendência africana. Recomendou que as autoridades tomem medidas “urgentes”.

Mijatović também disse estar “profundamente preocupada com relatos de má conduta policial motivada por racismo e alegações de infiltração de alguns segmentos da polícia por movimentos extremistas de extrema-direita”.

Esses relatórios surgiram no meio do surgimento e ascensão de um partido populista anti-imigração com dois anos, que entrou na corrente política dominante ao ganhar um assento no parlamento.

Uma fonte dos problemas atuais são “suposições tendenciosas e estereótipos” que fazem parte do legado colonial do país, disse o relatório do Conselho da Europa, pedindo uma revisão de como a história do antigo império português e o seu comércio de escravos é ensinada escolas.

O governo português reconheceu no ano passado que o racismo se tornou um problema. Criou um comitê em novembro passado para avaliar as formas de abordá-lo, incluindo a próxima publicação de um plano nacional de combate ao racismo e à discriminação para o período de 2021-2025.

As autoridades também prometeram lançar ainda este ano uma campanha de consciencialização pública contra o racismo e a discriminação, bem como rever as políticas de recrutamento da polícia.

Fonte: Agência de Notícias AP

Prisioneiro político palestino em Israel em greve de fome por 35 dias

Palestinian prisoners in Israel's jail: Facts and resources - Just World  Educational


Um palestino foi detido em Israel em 27 de janeiro de 2020 e está em greve de fome por 35 dias em protesto contra a sua detenção contínua, disse hoje a Comissão de Prisioneiros e Ex-Prisioneiros .

Segundo o relatório, Imad Batran, 47, da cidade de Hebron, no sul da Cisjordânia, fez greve de fome depois da sua detenção ser renovada pela quarta vez consecutiva em 21 de janeiro, e que deve terminar em 17 de maio, a menos que seja renovada mais uma vez.

Batran passou um total de 10 anos em prisões israelitas pela sua resistência à ocupação, a maioria deles em detenção administrativa sem acusação ou julgamento e com base em evidências secretas vistas apenas pelo juiz.

Ele já observou duas greves de fome anteriores em protesto contra a sua detenção, uma em 2013 e durou 105 dias, e a segunda em 2016 e durou 35 dias.

Os detidos palestinos frequentemente recorrem à greve de fome para exigir a sua libertação.

Fonte: Agência de Notícias WAFA

A decisão de Sergio Moro foi parcial, diz Supremo

Moro proíbe que defesa de Lula grave depoimento | Agência Brasil


Moro aceitou a oferta de Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça, demonstrando assim a sua parcialidade para com o líder do PT.
Numa decisão dividida por 3-2, o Supremo Tribunal do Brasil determinou na terça-feira que a sentença do juiz Sergio Moro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) por acusações de corrupção no caso Lava Jato foi parcial.

Esta decisão pode ter um efeito de avalanche sobre todos os outros enviados para a prisão pelo mesmo juiz que mais tarde se tornaria o ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.

Com a votação empatada por 2, a ministra Carmen Lúcia foi a última a proferir a sua decisão, o que surpreendeu muitos com a sua decisão de 2018 apoiando Moro, cuja aceitação da oferta de Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça foi considerada prova suficiente da sua animosidade política contra Lula.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu então que todas as decisões proferidas por Moro no caso do triplex do Guarujá, “inclusive os fatos praticados na fase de pré-julgamento”, eram nulas porque o magistrado “mostrou parcialidade na sua conduta”.

Lula havia sido condenado por receber um apartamento como suborno da construtora OAS. À luz dessa nova decisão, todo o processo agora volta à estaca zero num tribunal federal em Brasília.

Embora tenha sido uma decisão limitada ao caso triplex, a parcialidade de Moro levará à anulação total de todos os processos de corrupção contra o líder petista, segundo estudiosos do direito, e levará à invalidação de sentenças impostas a outros réus.

O STF esclareceu que “a defesa procurou a anulação da ação penal“ porque ”Moro recebeu e acatou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça (…) demonstrando assim a sua parcialidade para com o ex-presidente e revela que ele teria agido durante todo o processo com motivação política.”

Enquanto isso, o Instituto Lula afirmou em nota redigida pela equipa jurídica do ex-presidente que “o reconhecimento do preconceito de Moro fortaleceu o sistema de justiça no Brasil”.

“A decisão que a II Turma do Supremo Tribunal Federal vai proferir hoje é histórica e revigorante para o estado de direito e o devido processo legal”, prosseguiu o comunicado. “Esperamos que a sentença hoje aprovada pelo Supremo Tribunal Federal sirva de guia” para o futuro.

“Todos têm direito a um julgamento justo e ao devido processo legal e à imparcialidade do juiz”, disse Lúcia ao votar. Ela estava bem ciente de que um efeito cascata em outros casos poderia ocorrer, então ela rapidamente sublinhou que a sua decisão se limitava a Lula e ao caso do triplex do Guarujá. “A votação nada diz sobre outros processos conduzidos pelo mesmo juiz. A parcialidade corresponde a uma situação singular sobre uma pessoa, no caso, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse o ministro do Supremo Tribunal Federal.

A retomada da análise do viés de Moro ocorreu duas semanas depois que as condenações por corrupção contra Lula foram derrubadas pelo juiz Edson Fachin, permitindo ao líder do PT recuperar os seus direitos políticos, permitindo-lhe concorrer ao cargo em 2022. A decisão de Fachin foi interpretada como uma manobra para omitir a discussão sobre o viés de Moro em preservar a operação.

Com o preconceito de Moro estabelecido, todas as acusações pendentes contra Lula devem ser retiradas, de acordo com estudiosos do direito. A decisão também é um duro golpe ao presidente Bolsonaro, cuja campanha política foi montada numa diatribe anticorrupção e o escândalo Lava Jato, que parece estar a caminhar para o esquecimento. “Acabei com o Lava Jato porque não há mais corrupção no governo”, gabava-se Bolsonaro em outubro do ano passado.

Essa decisão judicial também abalou as esperanças pessoais de Moro de concorrer à presidência no ano que vem, embora ele ainda tenha uma imagem 45% positiva, de acordo com pesquisas não oficiais.

Fonte: Merco Press

Tráfego no Canal de Suez bloqueado provoca grave impacto no comércio mundial

Navio carregado com contêiners bloqueia o canal de Suez – Defesa Aérea &  Naval




Um navio cargueiro com bandeira do Panamá, que está entre os maiores já construídos, encalhou lateralmente na terça-feira no Canal de Suez, atrapalhando todo o tráfego em qualquer direção.

O MV Ever Given, que faz comércio entre a Ásia e a Europa, vinha da China a caminho de Roterdão, ameaça interromper um sistema de transporte marítimo global já afetado pela pandemia do coronavírus, além de causar um aumento no preço do petróleo bruto.

O Ever Given – que é quase tão longo quanto o Empire State Building é alto – encalhou diagonalmente em todo o trecho de pista única do canal sul na manhã de terça-feira após perder a capacidade de controlo no meio de ventos fortes e uma tempestade de areia, o Suez A Autoridade do Canal (SCA) disse num comunicado.

De acordo com a empresa global de transporte e logística GAC, o Ever Given sofreu “um apagão durante o trânsito na direção norte”, mas nenhum detalhe foi divulgado, enquanto a empresa de operação de navios Evergreen Marine Corp disse num comunicado que o navio havia sido superado por fortes ventos ao entrar no Canal de Suez vindos do Mar Vermelho, mas nenhum dos seus contentores afundara. Fontes não oficiais egípcias citadas pelos média locais corroboraram a declaração dizendo que ventos fortes e uma tempestade de areia haviam assolado a área na terça-feira, com ventos com rajadas de até 50km/h.

O navio encalhou cerca de seis quilômetros ao norte da foz sul do canal, perto da cidade de Suez, uma área do canal com uma única faixa.

A proa do Ever Given tocava a parede leste do canal, enquanto a sua popa parecia alojada contra a parede oeste, de acordo com dados de satélite do MarineTraffic.com. Vários rebocadores cercaram o navio, provavelmente tentando empurrá-lo para o lado certo, mostraram os dados.

Outras fontes garantiram que “não houve relatos de feridos ou poluição”.

Segundo testemunhas egípcias, os rebocadores esperavam reflutuar o navio numa operação que pode levar pelo menos dois dias. O mau tempo interrompeu grande parte dos esforços de resgate durante a maior parte da quarta-feira, mas o trabalho foi retomado na madrugada de quinta-feira com cinco rebocadores tentando arrastar o navio para águas mais profundas.

Os analistas da indústria naval preveem um impacto significativo no comércio mundial, uma vez que aproximadamente 50 navios passam pelo Canal de Suez todos os dias. Em outras palavras, a escassez de de alimentos, combustível e outros bens pode atingir o mundo inteiro, especialmente a Europa.

O Ever Given foi construído em 2018 com um comprimento de quase 400 metros e uma largura de 59 metros. Está entre os maiores navios cargueiros do mundo. Ele pode transportar cerca de 20.000 contentores de uma vez.

Inaugurado em 1869, o Canal de Suez fornece uma ligação crucial para petróleo, gás natural e carga transportada de leste a oeste. Cerca de 10 por cento do comércio mundial flui através da hidrovia e continua a ser uma das principais fontes de moeda estrangeira do Egito.

Em 2015, o governo do presidente egípcio Abdel-Fattah el-Sissi concluiu uma grande expansão do canal, permitindo-lhe acomodar os maiores navios do mundo. No entanto, o Ever Given encalhou antes dessa nova parte do canal.

Os proprietários e seguradoras da Ever Given, já podem estar a enfrentar milhões de dólares em sinistros de seguro quando o navio for eventualmente reflutuado, principalmente devido aos custos da operação de salvamento, bem como aos atrasos de embarques globais causados ​​pelo bloqueio, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Fonte: Merco Press

Hoje nas notícias, 23 de março

Paquistão inaugura primeira escola transgénero islâmica em Islamabad

Pakistan's first transgender-only madrasa breaks barriers | LGBTQ News | Al  Jazeera


O Paquistão abriu a sua primeira escola transgénero, uma instituição que ensinará alunos trans a ler o Alcorão entre outras habilidades, com sede na capital do Paquistão, Islamabad, criada por Rani Khan, de acordo com a Reuters.

Khan, 34, disse em entrevista que é muita a discriminação que a comunidade transgénero frequentemente enfrenta no Paquistão: “A maioria das famílias não aceita pessoas trans. Eles expulsam-nos das suas casas”, disse ela à Reuters. “Houve um tempo em que também fui um deles.”

Aos 13 anos, Khan foi rejeitada pela sua família no Paquistão e forçada a pedir dinheiro na rua para sobreviver. Mais velha, aos 17 anos, ela pôde se juntar a um grupo transgénero que envolvia apresentações em locais como dançar em casamentos ou outras funções comemorativas.

Mais tarde, Khan deixou o grupo para se reconectar com a sua religião para ajudar a apoiar a comunidade local e chegar a outras pessoas trans. Em outubro, a jovem de 34 anos abriu uma pequena madrassa (escola tradicional) aberta à comunidade transgénero. “Estou a ensinar o Alcorão para agradar a Deus, para fazer a minha vida aqui e no além”, disse ela.
Embora mesquitas e madrasas sejam locais centrais para oração, educação e adoração, há pouco reconhecimento da comunidade LGBTQ+ nesses locais. Atualmente, em todo o Paquistão, o casamento ou as relações entre pessoas do mesmo sexo são criminalizados pelo Código Penal 1860.

A escola religiosa de Khan é um projeto auto financiado que não recebe apoio governamental para permanecer aberto. Em declarações à Reuters, o vice-comissário Hamza Shafqaat disse que a escola pode ajudar os indivíduos transgénerosa contribuir a adaptar-se à sociedade. “Tenho esperança de que, se este modelo for replicado em outras cidades, as coisas vão melhorar”, disse ele à publicação.

O Paquistão registou mais de 10.000 transgénero em 2017, enquanto a organização comunitária Khawaja Sira Society, um grupo de direitos transgénero com sede em Lahore, acredita que haja cerca de meio milhão de pessoas transgénero apenas na província de Punjab.
“O meu coração fica tranquilo quando leio o Alcorão”, disse à Reuters um estudante madrassa, Simran Khan, e acrescentou que aprender na escola é “muito melhor do que uma vida cheia de insultos”.

Fonte: Reuters

Cerca de 56% das doses foram administradas nos países mais ricos e isso é “grotesco”, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde expôs na segunda-feira a crescente lacuna entre o número de vacinas contra o coronavírus administradas em países ricos e pobres, rotulando a desigualdade como um “ultraje moral” global.

A OMS criticou as nações mais ricas por agora estarem a vacinar jovens com baixo risco de desenvolver a doença de Covid-19, dizendo sem rodeios que estão a custar a vida de pessoas vulneráveis ​​em países mais pobres.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse ser “chocante” o pouco que foi feito para evitar uma “falha moral catastrófica” totalmente previsível para garantir a distribuição equitativa de vacinas em todo o mundo.

A diferença estava “a crescer a de dia para dia e a tornar-se mais grotesca”, disse ele numa entrevista.

“Os países que agora vacinam pessoas mais jovens e saudáveis ​​com baixo risco de doença e que o fazem à custa de profissionais de saúde, idosos e outros grupos de risco em outros países”, disse Tedros.

“A distribuição injusta de vacinas não é apenas um ultraje moral. É também autodestrutivo para a economia e para o combate ao vírus.

“Alguns países estão correndo para vacinar suas populações inteiras – enquanto outros não têm nada.”

Tedros disse que os países ricos estão dando a si mesmos uma falsa sensação de segurança.

O chefe da agência de saúde da ONU disse que quanto mais transmissão do vírus, mais variantes provavelmente surgirão – e quanto mais daquelas surgirem, maior será a probabilidade de escaparem das vacinas.

Mais de 455 milhões de doses de vacinas Covid-19 foram injetadas em 162 territórios ao redor do mundo, de acordo com uma contagem da AFP.

Cerca de 56% das doses foram administradas em países mais ricos, representando 16% da população global.

Apenas 0,1% foram administrados nos 29 países mais pobres, onde vivem 9% da população global.

O esquema global de partilha das vacinas da Covax garante que 92 das economias mais pobres do mundo tenham acesso às doses das vacinas, com o custo coberto pelos doadores.

Até agora, já distribuiu mais de 31 milhões de doses em 57 países.

O esquema visa distribuir doses suficientes para vacinar até 27% da população dessas 92 economias até o final do ano.

Tedros disse que os países estão numa corrida contra o tempo para reduzir a transmissão e que as nações ricas precisam corresponder às suas promessas de solidariedade com ações para fornecer vacinas às nações mais pobres.

“A menos que acabemos com essa pandemia o mais rápido possível, ela pode nos manter reféns por mais anos”, alertou.

Questionado sobre o aumento do número de casos na Europa, onde alguns estados impõem restrições mais rígidas, temendo uma terceira onda da pandemia, o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que os países perderam uma meta aberta.

Ele disse que as nações a agarrar-se a qualquer coisa, pensando que simplesmente administrar muitas doses de vacinas seria uma “solução de ouro” para acabar com a crise.

“Sinto muito: não é”, disse Ryan.

“A doença está em marcha novamente em países onde temos uma abertura, fadiga natural, baixa cobertura de vacinação, vigilância e medidas de controlo insuficientes”, disse ele, chamando a combinação de “uma receita para surtos maiores”.

“Receio que estejamos a investir muito nisso (vacinas) como única solução para resolver os nossos problemas”, disse ele.

A gigante farmacêutica AstraZeneca disse na segunda-feira que testes mostraram que sua vacina Covid-19 era 100 por cento eficaz na prevenção de doenças graves.

“Esses dados são mais uma evidência de que a vacina Oxford-AstraZeneca é segura e eficaz”, disse Tedros.

Vários países europeus suspenderam na semana passada a vacina devido a casos isolados de coágulos sanguíneos em pessoas que receberam a vacina.

Após analisar esses casos, a OMS reconfirmou o seu apoio à vacina na sexta-feira.

Fonte: Bangladesh Sangbad Sangstha

Ataques sauditas já fizeram 17 mil mortos civis no Iémen

Saudi-led forces launch airstrikes on Yemeni city of Hodeidah | Yemen | The  Guardian


Pelo menos 17.097 civis morreram no Iémen em bombardeamentos da aliança árabe dirigida pela Arábia Saudita desde 2015, quando esta começou a participar no conflito, indicou hoje o Ministério da Saúde controlado pelos rebeldes Houthis.
Num relatório, o ministério refere ainda que os ataques sauditas nos últimos seis anos causaram cerca de 27.000 feridos.

Entre os mortos contam-se 3.821 crianças e 2.892 mulheres, segundo os Houthis, que adiantam que a aliança árabe destruiu 50 por cento das instalações de saúde do país devastado pela guerra.

Os Houthis denunciaram igualmente que o bloqueio aéreo e naval imposto pela Arábia Saudita ao Iémen impediu a chegada de ajuda humanitária e provocou a morte de civis “por desnutrição e fome”, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

“Devido ao bloqueio, 8.000 mulheres morrem anualmente e 1,8 milhões sofrem de desnutrição”, disseram os rebeldes.

Os Houthis acusaram também hoje a Arábia Saudita de bombardear várias posições dos rebeldes, um dia depois de os sauditas terem proposto um cessar-fogo para acabar com o conflito com quase sete anos.

A televisão controlada pelos Houthis, Al-Massirah, indicou que “a aviação saudita” realizou “quatro bombardeamentos” na localidade de Sirwah, perto da cidade de Marib, onde nas últimas semanas se intensificaram os combates entre os rebeldes, apoiados pelo Irão, e o governo internacionalmente reconhecido do Iémen, ajudado pela coligação militar árabe.

Adiantou que Riade também bombardeou a localidade de Abs, controlada pelos xiitas, e a capital Sanaa, na posse dos Huthis.

De acordo com os últimos dados das Nações Unidas, a guerra do Iémen já causou 233.000 mortos, 131.000 dos quais por “causas indiretas” como desnutrição, falta de serviços médicos e de infraestruturas.

A violência provocou a morte de “dezenas de milhares de civis”, incluindo 5.660 crianças, segundo a ONU, que considera o Iémen a pior catástrofe humanitária do mundo, com cerca de 80% da população a necessitar de algum tipo de assistência.

A guerra do Iémen começou em 2014, com os Houthis a conquistarem zonas no norte do país, incluindo a capital, e agravou-se a partir de 25 de março de 2015, faz na quinta-feira seis anos, com a intervenção da aliança internacional árabe.

Fonte: Agência de Notícias ANGOP

Eleições em Israel podem traduzir o descontentamento para com Netanyahu

A campanha foi marcada pelo coronavírus


Os israelitas votaram na terça-feira para eleger um governo na quarta eleição em dois anos, uma eleição considerada um referendo sobre a figura polémica do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

As pesquisas preveem uma licitação apertada entre dois blocos definidos: aqueles que apoiam um novo governo liderado por Netanyahu e aqueles que querem “qualquer um menos Bibi”, como é conhecido o primeiro-ministro israelense que está há mais tempo no poder.

“Vote, vote”, Netanyahu apelou ao eleitorado após votar em Jerusalém, acompanhado por sua esposa, Sara.

O primeiro-ministro nacionalista de direita, líder do partido Likud, chamou as eleições de “festival da democracia”.

Seu rival central, Yair Lapid, do partido Yesh Atid, disse que as eleições foram “o momento da verdade para o Estado de Israel”, informou a agência de notícias AFP.

O premiê de 71 anos, no poder desde 2009, descreve-se como um estadista incomparável em Israel, o único capaz de liderar o país e superar os seus desafios de segurança e política externa.

“Há apenas duas opções aqui: ou Yesh Atid ganha força ou teremos um governo sombrio, racista e homofóbico”, acrescentou, referindo-se ao Likud e aos seus aliados naturais, todos partidos de direita e extrema direita que defendem a colonização da Palestina.

A campanha foi marcada pelo coronavírus e, principalmente, pela figura de Netanyahu.

O premiê de 71 anos, no poder desde 2009, se descreve como um estadista incomparável em Israel, o único capaz de liderar o país e superar os seus desafios de segurança e política externa.

Netanyahu fez campanha destacando a bem-sucedida campanha de vacinação contra o coronavírus de Israel e acordos para normalizar as relações alcançadas no ano passado com quatro países árabes.

A realidade, porém, apresenta mais nuances. Quase 80% dos 9,3 milhões de israelitas receberam pelo menos alguma dose da vacina contra o coronavírus, mas a pandemia deixou mais de 6.000 mortos.

O atual governo Netnayahu também foi duramente criticado por não enviar quantidades suficientes de vacinas Covid-19 aos territórios palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, dos quais Israel é a potência ocupante, de acordo com a ONU.

A nova administração do presidente Joe Biden nos Estados Unidos tem sido distante e fria com Netanyahu. Seus críticos o acusam de lidar com a pandemia de forma péssima no ano passado, permitindo que judeus ultraortodoxos, os seus aliados políticos, violassem as restrições e propagassem o vírus.

Eles também apontam para o estado ainda frágil na economia e com alto desemprego. Mas, acima de tudo, dizem que Netanyahu não deve permanecer no cargo porque está a ser julgado por suposta corrupção desde o ano passado, em um caso que o primeiro-ministro considera uma “caça às bruxas”.

Os israelitas votam em partidos, não em candidatos, competindo pelos 120 assentos no Parlamento. Nos 72 anos desde a criação de Israel, nenhum partido alcançou a maioria parlamentar necessária para formar um governo sozinho, sem forjar alianças com outros.

As últimas pesquisas colocaram o Likud de Netanyahu em primeiro lugar com cerca de 30 cadeiras, seguido pelo partido de Lapid com cerca de vinte. Um pouco atrás estão dois partidos nacionalistas de direita: New Hope, liderado por Gideon Saar, e Yamina, liderado por Naftali Bennett, com cerca de dez cadeiras cada.

Para alcançar a maioria de 61 deputados para formar um governo, Netanyahu espera aliar-se à direita religiosa, mas também, pela primeira vez, à extrema direita. Lapid tem um acordo com partidos de esquerda e de centro mas também com Saar ou Bennett ou ambos, que constituem a direita dececionada com o primeiro-ministro.

As mesas fecham às 22 (17 na Argentina), e imediatamente a primeira saída será conhecida.

Fonte: Agência de Notícias Télam

Mais de 10% de chilenos estão em condição de sem-abrigo

Chile cold snap kills two as homeless deaths rise to 16 - BBC News

Mais de dois milhões de chilenos estão em condição de sem-abrigo, e o país mantém hoje pelo menos 802 acampamentos. No país, estes acampamentos chamam-se “assentamentos precários sem acesso aos serviços básicos”.

De acordo com o semanário El Siglo, são 47.000 casas construídas em áreas de risco devido a incêndios florestais, deslizamentos de terra, inundações de rios e outros fenómenos.

El Siglo destacou que o dramático déficit habitacional no Chile provocou recentemente um aumento constante da ocupação de terras, públicas ou privadas.

A situação chegou às manchetes nas últimas semanas, depois de dezenas de famílias que ocuparam um terreno baldio no município de Renca foram despejadas pelas forças policiais.

Segundo dados oficiais, 27.000 famílias estavam em condição de sem-abrigo em 2011, número que em 2019 era de 47.000.

Fonte: Prensa Latina

Hoje nas notícias, 22 de março

Um em cada sete buenairenses não tem acesso a água potável

Denuncian que uno de cada siete porteños no accede al agua potable

Claudio Lozano, diretor do Banco Nación e referência da Unidade Popular (UP), organização política aliada da Frente de Todos (FdT), convocou as atividades programadas para esta segunda-feira no âmbito do Dia Internacional da Água e pediu” água potável segura em todas as residências da Cidade de Buenos Aires”.

Convocado por uma ampla gama de organizações sociais e políticas, esta tarde a partir das 18h, um “semaforazo” será realizado no Obelisco de Buenos Aires para o Dia Mundial da Água.

Claudio Lozano e María Eva Koutsovitis, referentes da Unidade Popular (UP) e do Instituto de Pensamento e Políticas Públicas, convidados a participar de atividades para “exigir água potável em todas as casas”.

Nesse sentido, Koutsovitis disse que neste dia mundial “devemos dizer que na Cidade de Buenos Aires um em cada sete habitantes não tem acesso formal à água potável”.

“Cerca de 400.000 buenairenses não têm acesso a água potável, reduzindo a expectativa de vida e duplicando a mortalidade infantil e limitando qualquer possibilidade de autonomia para as mulheres”, acrescentou.

“A falta de água deve-se às construções de baixa qualidade nas favelas, que também são realizadas diversas vezes sem o controlo adequado e mesmo muitas vezes gastando muitos fundos públicos”.

“Este duplo padrão técnico implica um duplo padrão sanitário; enquanto na cidade de Buenos Aires 22% da população tem mais de 60 anos, nas cidades à volta de Buenos Aires apenas 5% tem mais de 60 anos”, postulou.

Nesse sentido, acrescentou: “Este duplo padrão de saúde foi destacado pela pandemia, porque onde os serviços públicos são informais, as infeções multiplicam-se”.

Por fim, Koutsovitis destacou que, no Dia Mundial da Água, exige-se “o acesso à água potável em condições de igualdade, garantindo a universalidade e a gratuidade como direito humano essencial para a vida”.

Fonte: Agência de Notícias Télam

Ampliação do sistema de água potável na Bolivia beneficiará centenas de famílias

Presidente inaugura sistema de agua ampliado para beneficiar a más de 196  familias de El Alto - Periódico Bolivia

“Estamos felizes por poder entregar esta obra que é uma necessidade urgente e expressar o nosso compromisso de que o governo nacional continuará a trabalhar por nossos irmãos de El Alto”, disse numa cerimónia pública Luís Arce.

Segundo dados oficiais, a obra conta com 196 ligações domiciliares e 12 pias públicas, entre outras estruturas.

No seu discurso, Arce lembrou que a obra é uma das várias reativadas em todo o país que ficaram paralisadas durante o regime de Jeanine Áñez, por uma questão puramente política com o argumento de que “tudo o que o Movimento pelo Socialismo fazia era errado”.

“Em outubro do ano passado, fizemos o nosso ministro do Meio Ambiente e da Água a reiniciar todas as obras que estávamos a fazer”, destacou.

O Ministro do Meio Ambiente e Águas, Juan Santos Cruz, destacou que a inauguração da obra representa o cumprimento do compromisso do governo nacional em relação à melhoria das condições de vida das pessoas.

“Este é um projeto com mais colegas, irmãos e irmãs, que estamos a inaugurar e que vamos entregar a serviço desta urbanização e de outras. E vamos continuar a trabalhar”, disse.

A autoridade estadual anunciou que o Ministério do Meio Ambiente, Águas e a Rede Pública de Águas e Saneamento iniciarão em breve mais duas obras no Distrito 7 da cidade de El Alto.

Fonte: Agencia Boliviana de Información

Deu-se um incêndio no campo de refugiados Rohingya no Bangladesh

O incêndio começou por volta das 16h30 e espalhou-se logo por todo o campo disse Md Tanzil, encarregado do acampamento Balukhali Rohingya.

Quatro unidades de bombeiros estão a trabalhar para apagar as chamas, disse ele, acrescentando que a origem do incêndio ainda não é conhecida.

Nenhuma causalidade foi relatada até agora.

Bangladesh agora hospeda mais de 1,1 milhão de Rohingyas em Bazar e Bhashan Char, em Noakhali. A maioria deles chegou em agosto de 2017, a fugir da perseguição na sua terra natal, o estado de Rakhine, em Mianmar.

Na sua terra natal eles eram uma minoria muçulmana e num conluio dos monges budistas com os militares foram perseguidos.

Em 14 de janeiro, pelo menos 435 casas foram destruídas num incêndio no acampamento Rohingya registrado em Nayapara, em Teknaf upazila, no distrito de Bazar de Cox.

Os incêndios continuam a ser um perigo devido à alta densidade populacional dos campos de refugiados.

Fonte: United News Bangladesh

Vendas de casas nos EUA caem drasticamente e os preços sobem

Streets full of tents: The other side of L.A. - CNN Video

As vendas de casas nos EUA caíram mais do que o esperado em fevereiro e uma recuperação pode ser comprometida pelo aumento das taxas de hipotecas, bem como pelo aumento dos preços das casas e da oferta restrita.

A National Association of Realtors disse na segunda-feira que as vendas de casas existentes caíram 6,6% para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 6,22 milhões de unidades no mês passado.

Economistas ouvidos pela Reuters previam que as vendas cairiam 3,0%, para uma taxa de 6,50 milhões de unidades em fevereiro. As revendas de casas, que respondem pela maior parte das vendas de casas nos Estados Unidos, aumentaram 9,1% na comparação anual. No mês passado, as vendas caíram no Nordeste, Sul e Centro-Oeste, mas subiram no Oeste.

O clima extremamente frio, incluindo fortes tempestades de inverno no Texas e em outras partes da densamente povoada região sul, interrompeu a atividade económica no mês passado, fazendo decrescer as vendas na venda a retalho, a produção nas fábricas e a construção de casas.

Espera-se que as temperaturas mais altas, uma aceleração no ritmo das vacinações COVID-19 e estímulos fiscais massivos estimulem uma forte recuperação da atividade em março.

O mercado imobiliário, no entanto, fica para trás após ser um dos principais motores da recuperação económica, à medida que os americanos procuravam casas maiores e mais caras para escritórios domésticos e para o ensino à distância durante a pandemia.

A hipoteca de 30 anos com taxa fixa subiu para uma alta de nove meses de 3,09%, de acordo com dados da agência de financiamento hipotecário Freddie Mac. Embora as taxas de hipotecas permaneçam historicamente baixas, o aumento sustentado desde fevereiro está a contribuir para tornar a compra de uma casa mais cara para os compradores de primeira viagem.

As taxas de hipotecas aumentaram com os rendimentos do Tesouro dos EUA, que dispararam em antecipação a um crescimento económico mais forte este ano e à inflação mais alta.

O preço médio da casa existente saltou 15,8% em relação ao ano anterior, para US $ 313.000 em fevereiro. Os preços são pressionados ainda mais por uma escassez aguda de casas disponíveis para venda. Havia 1,03 milhão de casas próprias no mercado em fevereiro, uma queda recorde de 29,5% em relação ao ano anterior.

Os construtores estão a ser limitados pelos preços recordes da madeira, bem como pela escassez de terras e mão de obra. No ritmo de vendas de fevereiro, levaria dois meses para esgotar o stock atual, uma baixa histórica e inferior aos 3,1 meses do ano anterior.

Uma oferta de seis a sete meses é vista como um equilíbrio saudável entre oferta e procura.

Fonte: Associated Press